“Centroavante que não faz gol, não garante na história do clube”
João Lazarotti, ou Nani, como ficou conhecido, é uma figura que ocupa um lugar especial na história do futebol mineiro e do Palestra Itália. Com raízes na colônia italiana, ele marcou o primeiro e o segundo gols da história do clube, em uma partida amistosa contra o combinado Villa Nova/Palmeiras, no Prado Mineiro, no dia 3 de abril de 1921. Esse feito não apenas inaugurou a trajetória do Palestra como também consolidou Nani como um dos seus primeiros grandes ídolos.
Nascido em uma família italiana de origem lombarda, Nani não se limitou ao campo de futebol. Além de ser um atacante veloz e oportunista, conhecido por sua habilidade em aproveitar rebotes e criar jogadas, ele também era um pedreiro qualificado, com registro de construtor licenciado. Essa expertise permitiu que ele fosse o responsável técnico por diversas obras em Belo Horizonte, incluindo edifícios históricos na região da Praça da Liberdade. Porém, sua principal contribuição fora do campo foi a construção do primeiro estádio do Palestra Itália, localizado na Avenida Paraopeba (hoje Avenida Augusto de Lima). Não apenas liderou a obra, mas também participou da partida inaugural contra o Flamengo, ao lado de Heitor Marcelino Domingues, ídolo do Palestra paulista e da Seleção Brasileira.
Como jogador, Nani defendeu o Palestra Itália entre 1921 e 1927, sendo titular até 1925. Atuava como center-forward (centroavante) ou meia-esquerda, dependendo da necessidade do time, e deixou sua marca com inúmeros gols e jogadas memoráveis. Seus companheiros de equipe e até mesmo adversários destacavam sua velocidade, habilidade no drible e precisão nos passes. Essa combinação o tornava um dos jogadores mais difíceis de serem marcados na época.

Fora das quatro linhas, Nani também cultivava amizades importantes, incluindo a do massagista e treinador Urbano dos Santos, conhecido como Campeão, que era ligado ao Atlético, maior rival do Palestra. Apesar da rivalidade nos gramados, a camaradagem entre os dois era forte, com a única regra de nunca discutirem futebol.
Após encerrar sua carreira como jogador, Nani seguiu como um torcedor apaixonado pelo clube, que mais tarde se tornaria o Cruzeiro. Assistia aos jogos e não escondia sua frustração com atacantes que, segundo ele, desperdiçavam chances que ele jamais teria perdido. Sua conexão com o futebol era eterna, refletida em suas memórias e histórias compartilhadas com amigos nos bares e canchas de bocha de Belo Horizonte.
Nani Lazarotti não foi apenas o autor dos primeiros gols do Palestra Itália. Ele personificou a dedicação e o espírito pioneiro que moldaram o clube e o futebol mineiro. Um centroavante que fazia história tanto nos campos quanto nas obras, deixando um legado que perdura até hoje.
Fonte: Palestrinos, escrito por Jorge Angrisano Santana