Heróis Imortais

Em Belo Horizonte, no dia 23 de setembro de 1923, um domingo especial, Dona Rosa preparava o famoso molho de tomates que perfumava a rua Salinas, no tradicional Bairro Floresta. No cardápio do jantar, a clássica macarronada italiana. Era um dia de festa na casa dos Fantoni e também na capital mineira: o Palestra enfrentaria o Flamengo na inauguração do Estádio do Barro Preto.

Ninão, jovem talento da família Fantoni, estava iniciando sua carreira em 1923 e sabia que tinha uma responsabilidade grande, especialmente com o torcedor mais ilustre das arquibancadas, seu pai, Seu Fúlvio. Naquele dia, Ninão brilhou, marcando dois gols no empate de 3 a 3.

Ao final do jogo, Fúlvio e Ninão voltaram para casa, onde os irmãos Beta, Reinato, Leonízio, Orlando e o primo Nininho esperavam ansiosos. Fúlvio, cheio de alegria, narrava os detalhes da partida, especialmente o primeiro gol de Ninão. Leonízio, apaixonado por futebol e com os olhos brilhando de admiração, só queria saber como era vestir a camisa do Palestra e ouvir a torcida gritar o nome de seu irmão.

No dia seguinte, inspirado por Ninão, Leonízio pegou suas roupas e sua bola de pano, indo ao campinho de terra perto da Igreja Nossa Senhora das Dores para jogar futebol com os amigos. Ao marcar um golaço, saiu gritando: "Gol de Ninão!". A partir daquele dia, ele foi apelidado de "quebra janella", por causa de seus chutes fortes.

Assim como Ninão e o primo Nininho, Leonízio queria seguir o caminho no futebol. Logo se inscreveu no time "Gandola-Mirim", onde jogou até 1924, sonhando em trilhar a mesma trajetória de sucesso.
Início no Palestra
Em 1925, após deixar o time Gandola-Mirim, Leonízio e seus amigos do bairro Floresta fundaram o "Botafogo", uma equipe amadora que mantinha vivo o amor pelo futebol. No mesmo ano, aos 13 anos, ele foi convidado a integrar o time juvenil do Palestra Itália de Minas Gerais.
Foi então que Leonízio passou a ser conhecido como Niginho. Em 1929, com apenas 17 anos, ele recebeu sua primeira grande chance: ser parte da delegação do Palestra para um amistoso no Rio de Janeiro contra o Vasco da Gama, no dia 10 de outubro. Essa partida marcou a primeira vez que o Palestra Itália disputaria um jogo noturno.
O técnico Maturrio Fabbi convocou Niginho para integrar a equipe que iria ao Rio de Janeiro, e o jovem atacante não conseguiu conter sua emoção, pois seria sua primeira experiência junto ao time principal. Armandinho, o titular, ainda era dúvida para o confronto, e Niginho e Zezinho eram as opções. Fabbi optou por Zezinho, mais experiente, e Niginho ficou no banco, já que naquela época não havia substituições durante o jogo.
Mesmo sem entrar em campo, fazer parte da delegação que viajou ao Rio de Janeiro foi um momento de grande orgulho para Niginho. Ele sabia que aquela oportunidade era um passo importante, e que sua vez no time principal logo chegaria.

A Grande Oportunidade de Niginho em 1930
Em 1929, Niginho ainda jogava pelo segundo time do Palestra Itália, mas seguia treinando forte, à espera da chance de vestir a camisa do time principal. Esse sonho se concretizou em 1930. No dia 27 de abril, após a lesão do atacante Bengala, o técnico Maturrio Fabbi convocou Niginho para a partida contra o Sport do Calafate.
Quando recebeu a notícia, Niginho mal podia conter a alegria e correu para contar à família. Seu pai, Seu Fúlvio, não perdeu tempo e reuniu todos. Com a família a bordo do caminhão, eles foram para o Estádio do Barro Preto, onde a torcida palestrina lotava as arquibancadas para ver Niginho e seu irmão Ninão jogarem juntos pela primeira vez. Sua mãe, Dona Rosa, e sua irmã Beta agitavam lenços verdes, representando o Palestra.
O apito inicial dado pelo árbitro Armando Val deu início ao que seria uma partida memorável. Logo no início, Carazo marcou o primeiro gol do Palestra. Aos 24 minutos, Ninão converteu um pênalti, ampliando o placar para 2x0. Três minutos depois, Ninão fez mais um, 3x0. A torcida vibrava a cada lance dos irmãos Fantoni, enquanto Dona Rosa e Beta torciam ansiosas, segurando seus lenços.
Perto do fim do primeiro tempo, após um belo passe de Piorra, Niginho driblou o zagueiro Cachuca e acertou um chute no ângulo, marcando um golaço. A torcida explodiu em gritos, e seu irmão Ninão o abraçou emocionado, ciente de que o jovem Niginho estava se firmando como uma grande promessa do Palestra.
No segundo tempo, Ninão ainda fez mais um gol, fechando a goleada em 6x0. Ao final do jogo, Seu Fúlvio voltou a reunir a família, e de caminhão, fez um buzinaço pelas ruas de Belo Horizonte, comemorando a atuação dos filhos. Ao chegar em casa, no bairro Floresta, contou aos vizinhos sobre a partida histórica de Ninão e Niginho.
Apesar de ainda ser muito jovem e disputar uma posição concorrida, Niginho jogou mais três partidas naquele campeonato, ajudando o Palestra a vencer o Guarany (3x0), o América (4x0), e o Vila Nova (5x2), marcando um dos gols nessa última partida. O ano de 1930 marcou o início de sua trajetória no time de seu coração.

O Ano de Ascensão de Niginho - 1931
Em 1931, o Palestra Itália sofreu mudanças importantes. Armandinho se aposentou, deixando uma vaga no ataque, e Maturrio Fabbi, conhecendo o talento de Niginho, o escolheu como substituto imediato. Além disso, outros jogadores como Pires e Bento retornaram para Nova Lima, e em abril, dois dos maiores ídolos do Palestra, Nininho e Ninão, partiram para jogar pela Lazio, na Itália.
Niginho sabia da responsabilidade que assumia. Carregar o sobrenome Fantoni não era tarefa fácil, pois seus irmãos haviam marcado época no clube. Determinado, ele agarrou a chance com tudo o que tinha – e com muitos gols.
Ao lado de Bengala, Carazzo e Piorra, Niginho formou um quarteto ofensivo implacável. O Palestra rapidamente se destacou como um dos favoritos ao tetracampeonato, mas, apesar da grande campanha, o título não veio. O ano de 1931 foi marcado por conflitos dentro da Liga Mineira de Esportes Terrestres, o que acabou favorecendo o time de Lordes.
Mesmo sem o título, Niginho brilhou. Em 8 partidas do campeonato, ele marcou impressionantes 15 gols. Em cerca de 10 jogos amistosos, ele balançou as redes mais 19 vezes, totalizando 34 gols em apenas 18 jogos no ano de 1931. Esse foi o começo da consagração de Niginho como o maior ídolo do Palestra Itália.

Niginho e a Saga na Itália - 1932 a 1935
Nos anos 1930, o futebol no Brasil ainda era amador, e o debate sobre a profissionalização pouco avançava. Muitos atletas que brilhavam em campo buscavam a independência financeira, atraídos por clubes do exterior. A Lazio, da Itália, se destacou entre esses clubes, e seu presidente, Remo Zenobi, grande admirador do futebol brasileiro, começou a contratar jogadores para o "BrasilLazio". Um desses atletas foi Niginho, jovem atacante do Palestra Itália de Minas Gerais.
Após se destacar em amistosos, Niginho recebeu uma oferta tentadora da Lazio, graças à recomendação de Maturrio Fabbi, que havia assumido o cargo de auxiliar técnico do clube italiano. Niginho, ítalo-brasileiro e irmão de Ninão, aceitou prontamente a oportunidade de se juntar à Lazio, não apenas para jogar ao lado de seus familiares, mas também para conquistar sua independência financeira. Em julho de 1932, Niginho embarcou no navio "Giulio Cesare" rumo à Itália, onde chegaria com um novo nome: Fantoni III.
A estreia de Niginho no futebol italiano foi discreta. Na temporada 1932/1933, ele disputou apenas duas partidas. No entanto, no campeonato de 1933/1934, Niginho começou a se firmar como um dos grandes atacantes da Lazio. Em 21 jogos, marcou 8 gols e foi convocado para a seleção italiana, jogando contra a Argentina em 14 de julho de 1934. Era o auge de sua carreira europeia.
Porém, enquanto o futebol crescia, a Europa se via imersa em conflitos. Em 1935, Benito Mussolini declarou guerra à Abissínia, e a tensão aumentou na Itália. Niginho enfrentava uma decisão difícil: renovar seu contrato com a Lazio ou voltar ao Brasil. A morte trágica de seu primo, Nininho, em fevereiro de 1935, abalou profundamente Niginho, e a guerra iminente só reforçou sua vontade de retornar para casa.
Convocado para o exército italiano, Niginho recusou. Alegou que havia ido à Itália para jogar futebol, não para lutar em guerras, e que já havia cumprido seu serviço militar no Brasil. Em março de 1935, aproveitando uma folga, Niginho e sua família embarcaram de volta ao Brasil, prometendo retornar para encerrar seu contrato com a Lazio. No entanto, ao chegar em solo brasileiro, decidiu não retornar à Itália.
A decisão fez com que Niginho fosse considerado desertor pelas autoridades italianas, que bloquearam seus documentos e o perseguiram judicialmente. Em entrevista ao jornal *A Noite*, do Rio de Janeiro, no dia 24 de abril de 1935, Niginho explicou: “Fugi da Itália. Se ficasse, seria obrigado a atender à mobilização das tropas na Abissínia. A essa altura, estaria defendendo as terras de Mussolini contra homens de Assis Adeba.”
De volta ao Brasil, Niginho ainda participou das últimas rodadas do Campeonato Mineiro de 1935, marcando 4 gols pelo Palestra Itália. Apesar disso, o time não teve destaque, terminando em quarto lugar, enquanto o Villa Nova de Nova Lima foi o campeão. Niginho, no entanto, recusou propostas de clubes cariocas e paulistas, afirmando que sua lealdade permanecia com o Palestra Itália, clube que sempre foi a extensão de sua família.

A Trajetória de Niginho no Futebol Brasileiro e na Seleção
No Campeonato Mineiro de 1936, o Palestra Itália contava com um time forte e Niginho, agora de volta, buscava recuperar sua forma e contribuir para a conquista do título. Graças ao seu talento, foi convocado para a Seleção Brasileira, tornando-se o primeiro jogador de um clube mineiro a vestir a camisa da seleção e a marcar um gol.
Essa oportunidade surgiu após o Palestra se desligar da Associação Mineira e da FBF, retornando à CBD, que era reconhecida pela FIFA. Niginho fez sua estreia na Seleção no dia 27 de dezembro de 1936, em um jogo contra o Peru no estádio do Boca, em Buenos Aires, onde marcou um dos gols da vitória por 3 a 2.
No dia 3 de janeiro de 1937, entrou no segundo tempo contra o Chile e viu seu gol ser anulado, mas participou ativamente das vitórias contra Paraguai (5 a 0) e Uruguai (3 a 2), onde também deixou sua marca. No dia 30 de janeiro, o Brasil enfrentou a Argentina e, após uma derrota por 1 a 0, forçou um jogo extra. No dia 1 de fevereiro, a Argentina venceu novamente, sagrando-se campeã.
Após o Sul-Americano, o contrato de Niginho havia expirado, e ele foi assediado por clubes como Vasco e Palestra Itália de São Paulo. No entanto, decidiu renovar com o Palestra de Minas. Mesmo assim, por conta da insistência do Palestra de São Paulo, foi cedido para três jogos em troca de um amistoso. Sua estreia em São Paulo foi tumultuada, mas Niginho marcou um gol no empate em 1 a 1 contra a Siderúrgica.
Retornou a Belo Horizonte, onde brilhou na goleada de 8 a 1 contra o Madureira, marcando cinco gols. Voltou a São Paulo para a final contra o Corinthians, e seu gol na primeira partida foi crucial para a vitória. O Palestra de São Paulo ganhou o título paulista de 1936.
Em agosto de 1937, a CBD começou a profissionalizar o futebol, e o Palestra de Minas enfrentou dificuldades financeiras. Assim, Niginho foi negociado com o Vasco da Gama por 30 contos de reis, já que sua estreia rendeu dois gols no empate contra o Flamengo.
Com o sucesso no Vasco, suas atuações chamaram a atenção de Ademar Pimenta, que o convocou para a Copa do Mundo de 1938 na França. O Brasil avançou pelas oitavas e quartas de finais, mas encontrou a Itália na semifinal. Niginho, que havia se destacado, foi vetado por ordens de Mussolini, que pressionou a FIFA alegando que seu passe ainda pertencia à Lazio.
Embora tenha buscado regularizar sua situação na França, a FIFA não permitiu sua participação no jogo contra a Itália, que terminou em derrota para o Brasil por 2 a 1. Mussolini não aceitava a presença de Niginho em campo, pois o jogador havia abandonado a Lazio e se negado a lutar pela Itália na guerra da Abissínia.
Niginho permaneceu firme em sua decisão de não retornar à guerra, defendendo seu papel como jogador de futebol e a sua identidade. Sua trajetória revela não apenas a luta por um espaço no futebol, mas também as complexas relações entre esporte e política na época.

O Retorno de Niginho ao Palestra Itália
Após a Copa do Mundo de 1938 na França, Niginho voltou ao Vasco da Gama e, em 1939, retornou ao seu clube de coração, o Palestra Itália, em Belo Horizonte. Sua reestreia aconteceu no dia 5 de fevereiro de 1939, em um amistoso contra o Atlético, realizado no Barro Preto. O estádio estava lotado, com os torcedores ansiosos para ver o ídolo em campo.
Sob o comando do técnico Matturio Fabbi, o time foi a campo com Geraldo I, Caieira, Canário, Souza, Juca, Caieirinha, Lodô, Carlos Alberto, NIGINHO, Geninho e Zezé. O Palestra venceu por 4 a 0, com Niginho marcando três gols e celebrando um retorno triunfal.
No entanto, o estadual de 1939 não foi favorável ao Palestra, e Niginho teve um desempenho abaixo das expectativas. Mas tudo mudaria no Campeonato Mineiro de 1940, quando o Palestra trocou sua tradicional camisa verde, que lhe rendeu o apelido de “Periquito”, por um novo uniforme com listas horizontais verdes e vermelhas, passando a ser chamado de “Tricolor”. Essa mudança trouxe nova sorte e inspiração ao craque.
O campeonato de 1940 começou com dificuldades, enfrentando várias paralisações e sendo abreviado. Após uma assembleia entre a Federação e dirigentes, ficou decidido que Palestra e Atlético disputariam o título em uma série de três partidas. A primeira partida ocorreu no dia 29 de dezembro, no bairro de Lourdes, e o Palestra venceu por 3 a 1, com Niginho marcando dois gols.
O segundo jogo foi no dia 5 de janeiro de 1941, novamente no Barro Preto. O Palestra lutou bravamente, mas perdeu por 2 a 1, levando a decisão para a última partida. A expectativa era alta: o Palestra buscava quebrar um jejum de 10 anos sem vencer um campeonato estadual, enquanto o Atlético almejava o tricampeonato.
O terceiro jogo ocorreu no dia 12 de janeiro de 1941, em campo neutro, no Alameda, o estádio do América. As torcidas estavam em peso, e a disputa começou intensa. Aos 10 minutos, Alcides abriu o placar para o Palestra. Quase no final do primeiro tempo, NIGINHO, o "Carrasco dos Clássicos", marcou o segundo gol, garantindo a vitória por 2 a 0 e o título para o Palestra, encerrando um longo jejum e estabelecendo uma nova era de conquistas.
Niginho foi o artilheiro do campeonato, com 12 gols marcados, e a cidade foi às ruas em festa, com a torcida palestrina fazendo uma passeata do estádio Alameda até o Barro Preto. Esse título de 1940 foi o último conquistado pela Societá Sportiva Palestra Itália, solidificando a lenda de Niginho como um dos maiores ídolos do futebol mineiro.

Niginho nos Anos de 1941 e 1942
Em 1941, o Palestra Itália não teve um ano marcante no Campeonato Estadual, terminando na terceira colocação. Apesar do desempenho abaixo do esperado da equipe, Niginho se destacou, jogando 14 partidas e marcando 13 gols. Um dos momentos mais memoráveis aconteceu no dia 12 de outubro, em um jogo contra o Siderúrgica, líder do campeonato, na Praia do Ó, em Sabará. Niginho foi o autor dos três gols da vitória do Palestra por 3 a 2. O terceiro gol foi especialmente dramático: ao receber a bola no meio de campo, ele avançou em direção ao gol, mas no momento da finalização, colidiu com o goleiro Geraldão, caindo ao chão. Enquanto Niginho machucou o joelho e ficou afastado por dois meses, Geraldão só acordou na Santa Casa, horas depois, sem saber que havia sofrido um gol.
O ano de 1942 trouxe desafios ainda maiores. Com a declaração de guerra do Brasil ao Eixo, o Palestra enfrentou imposições do Governo Vargas, que forçou a mudança de nome. Enquanto descendentes italianos sofriam retaliações fora de campo, o Palestra começou o campeonato como Palestra Mineiro e terminou como CRUZEIRO. Esse assunto, porém, merece um capítulo exclusivo que será abordado futuramente.
Apesar das dificuldades, o novo Cruzeiro conquistou o vice-campeonato. Niginho continuou a brilhar, marcando 6 gols em 10 jogos. Seu talento e determinação foram essenciais para o clube, mesmo em tempos conturbados, e a história de Niginho e sua relação com o Palestra começava a ser escrita de forma indelével.

 Niginho e o Primeiro Título do Cruzeiro em 1943
Em 1943, o Cruzeiro Esporte Clube teve uma campanha surpreendente no Campeonato da Cidade. Embora o time não contasse com um meio de campo forte, possuía atacantes talentosos, entre eles Niginho, um dos maiores ídolos da história do clube.
A disputa pelo título foi acirrada entre Cruzeiro, América e Atlético até a nona rodada, que poderia definir o campeão. No dia 3 de outubro, ocorreu o clássico do returno entre Cruzeiro e Atlético no Barro Preto. A vitória do Atlético os colocaria com 17 pontos, enquanto o Cruzeiro poderia chegar a apenas 16. Portanto, uma vitória atleticana selaria a conquista do mineiro.
O jogo começou disputado, e o primeiro tempo terminou sem gols. No segundo tempo, aos 22 minutos, Niginho protagonizou um momento incrível: ele arrancou do meio de campo, driblou todos os defensores atleticanos e marcou um golaço, garantindo a vitória da Raposa por 1 a 0 e forçando a decisão do campeonato para a última rodada.
Na rodada final, no dia 19 de dezembro, o Cruzeiro venceu a Siderúrgica por 5 a 1 e conquistou seu primeiro título como Cruzeiro Esporte Clube. Niginho não teve um desempenho destacado em termos de gols durante o campeonato, marcando apenas 3 gols em 10 partidas. No entanto, sua estrela brilhou nos momentos decisivos, consolidando seu status como um dos maiores ídolos da história do clube.

Niginho e o Bicampeonato do Cruzeiro em 1944
Em 1944, o Cruzeiro Esporte Clube enfrentava uma grande crise financeira, mas continuava em busca de superação nos campos. Um momento memorável ocorreu no dia 4 de junho, quando, em um intervalo na agenda do campeonato mineiro, o Cruzeiro realizou um amistoso contra o Social no estádio José Maia, em Oliveira, interior de Minas Gerais. O Cruzeiro venceu a partida por 5 a 2, e Niginho teve uma atuação brilhante, marcando 4 gols.
Durante a campanha do bicampeonato mineiro, Niginho se destacou novamente, anotando 6 gols. Seu talento e liderança em campo foram cruciais para o sucesso do Cruzeiro, consolidando sua importância na história do clube em um momento desafiador.

Niginho e a Inauguração do Estádio do Cruzeiro em 1945
Em 1945, muitos eventos marcantes aconteceram para o Cruzeiro Esporte Clube. No dia 1º de julho, o clube inaugurou seu novo e moderno estádio, um marco importante em sua história. A festa de inauguração foi celebrada com um amistoso contra o Botafogo do Rio de Janeiro, que terminou empatado em 1 a 1. Niginho foi o responsável pelo gol do Cruzeiro, enquanto o famoso craque Heleno de Freitas marcou para o Botafogo.
Durante o Campeonato Mineiro de 1945, o Cruzeiro brilhou ao conquistar seu segundo tricampeonato da história. Niginho se destacou como artilheiro do campeonato, anotando impressionantes 14 gols. Sua habilidade em campo e sua capacidade de marcar em momentos decisivos reafirmaram seu status como um dos maiores ídolos da história do clube.

Barro Preto Iluminado: A Primeira Partida Noturna do Cruzeiro
No dia 21 de novembro de 1945, um novo capítulo foi escrito na história do Cruzeiro Esporte Clube com a inauguração do sistema de iluminação do Estádio JK. Para celebrar esse momento, o América do Rio de Janeiro foi convidado para uma partida amistosa no Barro Preto.
A expectativa era alta, e o Cruzeiro não decepcionou. Em uma exibição dominante, a equipe venceu o jogo por 4 a 0, e Niginho, como sempre, deixou sua marca, anotando um dos gols da vitória. Essa partida ficou registrada como a primeira experiência noturna do Cruzeiro no Barro Preto, um marco que proporcionou novas emoções aos torcedores e solidificou ainda mais a importância de Niginho no coração da torcida estrelada.

Niginho: O Legado de um Ídolo
Após se retirar dos gramados no fim de 1947, Niginho iniciou uma nova fase em sua carreira, assumindo o comando técnico do Cruzeiro. Durante sua trajetória como treinador, ele dirigiu a equipe em 256 jogos, conquistando 145 vitórias, 58 empates e 53 derrotas. Com esse recorde, Niginho se tornou o terceiro treinador que mais comandou a Raposa, superado apenas por Ilton Chaves e Levir Culpi.
Sob sua liderança, o Cruzeiro viveu um período de sucesso, conquistando o tricampeonato mineiro nos anos de 1959, 1960 e 1961. Niginho também teve um papel crucial na formação de novos talentos. Ele foi responsável por lançar Tostão, um dos maiores ídolos da história do clube, que debutou no profissional com apenas 16 anos.
Nascido em Belo Horizonte no dia 12 de fevereiro de 1912, Niginho deixou sua marca como jogador, disputando 257 partidas pelo Palestra/Cruzeiro e anotando impressionantes 210 gols. Durante sua carreira, ele conquistou quatro Campeonatos Mineiros: 1930, 1943, 1944 e 1945.
Niginho faleceu em 5 de setembro de 1975, aos 63 anos, mas seu legado permanece vivo na história do Cruzeiro, um símbolo da paixão e do sucesso que caracterizaram sua trajetória no futebol.
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Niginho é, sem dúvida, um dos jogadores mais importantes da história do Cruzeiro. Sua trajetória, marcada por gols memoráveis e conquistas significativas, solidificou seu lugar como um ícone do clube. Desde suas exibições brilhantes em campo até sua contribuição como treinador, ele deixou um legado que transcende gerações.
Como o “Carrasco dos Clássicos”, Niginho não apenas se destacou nos momentos decisivos, mas também ajudou a moldar a identidade do Cruzeiro, inspirando tanto jogadores quanto torcedores. Seu papel na conquista de títulos, como os tricampeonatos mineiros e o primeiro título do Cruzeiro em 1943, exemplifica sua importância na construção da história do clube.
Além disso, sua visão como treinador e sua habilidade de revelar novos talentos, como Tostão, garantiram que seu impacto continuasse mesmo após sua aposentadoria. A história de Niginho é um testemunho do que significa ser um verdadeiro ídolo e permanece viva nas memórias de todos que amam o futebol e o Cruzeiro

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