Campeonatos

A PRIMEIRA COPA DO BRASIL

O ano de 1993 foi um período de grandes transformações no cenário político, cultural, musical e esportivo, tanto no Brasil quanto no mundo. Internacionalmente, os esforços por paz e justiça social se destacaram com o histórico Acordo de Oslo entre Israel e Palestina, e a luta contra o apartheid na África do Sul liderada por Nelson Mandela, que acelerava a transição para a democracia. Na Europa, a União Europeia consolidou-se formalmente com o Tratado de Maastricht, estabelecendo as bases para uma integração mais ampla e para a criação do euro.
No Brasil, o plebiscito sobre o sistema de governo reafirmou a República e o presidencialismo, e o país começava a vislumbrar os primeiros passos do Plano Real, que em breve controlaria a inflação. Na música mundial, o grunge e o hip-hop dominavam, com álbuns icônicos de Nirvana e Snoop Dogg, enquanto, no Brasil, o sertanejo e o pagode conquistavam espaço ao lado do rock nacional e da explosão do axé music, liderado por Daniela Mercury.
Culturalmente, o cinema foi revolucionado por Jurassic Park, e séries como The X-Files e o romance The Giver tornaram-se marcos da cultura pop. No Brasil, novelas como Renascer e Mulheres de Areia atraíam grandes audiências, enquanto o cinema brasileiro iniciava sua "Retomada". No esporte, a Alemanha foi campeã da Eurocopa, e Michael Jordan surpreendeu ao se aposentar temporariamente da NBA. No Brasil, o São Paulo de Telê Santana venceu o Mundial Interclubes, e Ayrton Senna deu sua última vitória na Fórmula 1.
Foi um ano de conquistas, mudanças e marcos históricos que definiram a década, e que também influenciaram o cenário esportivo e cultural onde o Cruzeiro Esporte Clube continuava a escrever sua história.
O ELENCO
Em 1993, o Cruzeiro Esporte Clube contou com um elenco diversificado e repleto de talentos que foram essenciais ao longo do ano, com jogadores experientes e promissores, além de reforços que aumentaram a competitividade do time. No gol, Paulo César Borges, Willian Andem e Harlei garantiam segurança e consistência. A defesa era composta por jogadores como Adilson Batista, Célio Lúcio, Luizinho, Zelão e Robson, trazendo firmeza e solidez à retaguarda.
Nas laterais, Paulo Roberto e Nonato eram pilares defensivos, enquanto meio campo com Rogério Lage, Douglas, Andrade, Ademir desempenhavam funções de contenção e suporte, ajudando na transição para o ataque. Boiadeiro e Cleisson, ao lado de Macalé e Luiz Fernando, contribuíam para um meio-campo que mesclava habilidade, criatividade e vigor.
O ataque contava com nomes experientes como Roberto Gaúcho e Tôto, e o elenco foi reforçado com importantes contratações: Careca, que retornou ao Cruzeiro após passagem em Portugal, Edenílson, vindo do Atlético Paranaense, e Éder Aleixo, que conquistaria seu único título de expressão no clube. Também chegaram Macedo, vindo do São Paulo, e Rogério, zagueiro que veio do Flamengo, fortalecendo as opções tanto na defesa quanto no ataque.
Mas o grande destaque desse ano foi a ascensão de um jovem atacante que se tornaria uma lenda do futebol: Ronaldo Nazário, conhecido mundialmente como Ronaldo Fenômeno. Aos 16 anos, ele fez sua estreia pelo Cruzeiro em 25 de maio, contra a Caldense, sob o comando do técnico Carlos Alberto Silva. Pouco tempo depois, Ronaldo foi levado para uma excursão do clube em Portugal, inicialmente para compor o elenco, mas seu talento rapidamente chamou a atenção. Ele não apenas voltou ao Brasil como titular, mas também como uma das grandes promessas do time, demonstrando uma habilidade extraordinária e uma velocidade que deixavam a defesa adversária sem respostas. Ronaldo se destacava cada vez mais, ganhando a confiança de todos e se estabelecendo como a principal promessa do Cruzeiro para o futuro.
Assim, em meio a jogadores experientes e recém-chegados, Ronaldo despontava como o fenômeno que marcaria o futebol, trazendo esperança e entusiasmo à torcida celeste.

A TEMPORADA
O Cruzeiro teve uma temporada marcada por altos e baixos em diversas competições. No Campeonato Mineiro, a equipe terminou na terceira posição, ficando fora da disputa pelo título estadual.
Na Supercopa, o Cruzeiro entrou diretamente nas quartas de final, graças ao título conquistado em 1992. No entanto, o time foi eliminado logo na primeira rodada pelo Nacional do Uruguai, que se classificou para a fase seguinte do torneio.
No Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro teve uma campanha regular na primeira fase. Em 14 partidas, somou 6 vitórias, 2 empates e 6 derrotas, terminando com 14 pontos. Apesar de marcar 22 gols e apresentar uma boa média ofensiva, o time ficou na quarta posição em seu grupo, a apenas dois pontos da zona de classificação para a fase final, ocupada por Corinthians, São Paulo e Flamengo. Com isso, o Cruzeiro não avançou para a etapa decisiva do torneio.

A COPA DO BRASIL
A Copa do Brasil de Futebol foi criada em 1989 pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com o intuito de dar mais visibilidade aos clubes de estados com menor tradição no cenário nacional. A competição surge em um formato de "mata-mata", inspirado em torneios europeus como a Copa da Inglaterra e a Taça de Portugal. Sua criação visava dar uma oportunidade para que clubes de menor expressão enfrentassem equipes de maior destaque, valorizando campeonatos estaduais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O campeão da Copa do Brasil garante uma vaga na Copa Libertadores do ano seguinte, o que aumenta a relevância do torneio para clubes de todos os estados brasileiros.
Inicialmente, a Copa do Brasil foi disputada por 32 equipes representando todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, todas classificadas de acordo com o desempenho em seus campeonatos estaduais. Desde sua criação, o torneio tem atraído tanto clubes tradicionais quanto emergentes, contribuindo para uma competição variada e emocionante, em que cada fase leva à eliminação direta do perdedor.
Primeiros Campeões e Vices
1989 - Campeão: Grêmio | Vice: Sport 
1990 - Campeão: Flamengo | Vice:– Goiás 
1991 - Campeão:  Criciúma | Vice: Grêmio 
1992 - Campeão: Internacional | Vice: Fluminense

O Cruzeiro na Copa do Brasil até 1992
O Cruzeiro começou sua participação na Copa do Brasil desde a primeira edição, em 1989. Apesar de não ter conquistado o título nos primeiros anos, o time mineiro mostrou sua força ao longo das competições. Em 1989, o clube teve uma campanha regular, mas foi eliminado antes das fases finais. Já nas edições seguintes, a equipe continuou participando, construindo sua experiência no formato eliminatório do torneio.
Embora o título ainda não tivesse chegado até 1992, o Cruzeiro acumulava aprendizados e mostrava potencial para se destacar em edições futuras. 
Com o sucesso da Copa do Brasil e o crescente prestígio do torneio, o Cruzeiro mantinha sua ambição de alcançar o título, preparando-se para continuar sendo um dos protagonistas nas próximas edições e buscando, com esforço, a conquista que viria a ser histórica para o clube.

A COPA DO BRASIL DE 1993
A Copa do Brasil de 1993 foi a quinta edição do torneio nacional e tinha um papel de destaque na temporada dos clubes brasileiros. 
Para o Cruzeiro, a edição de 1993 carregava uma expectativa especial. Desde o histórico título da Taça Brasil de 1966, o clube não havia erguido um troféu de relevância nacional, e as campanhas nas edições anteriores da Copa do Brasil não foram favoráveis. Esta era a chance de mudar o retrospecto recente, devolver o time ao cenário nacional e garantir uma vaga na cobiçada Libertadores do ano seguinte.

PRIMEIRA FASE Cruzeiro x Esportiva (ES)

Primeiro jogo: Esportiva 1x1 Cruzeiro
A campanha do Cruzeiro na Copa do Brasil de 1993 começou com um duelo contra a Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, na primeira fase do torneio. O primeiro confronto aconteceu em 16 de março, no Estádio Engenheiro Araripe, em Cariacica. O jogo teve um equilíbrio de forças, com o Cruzeiro, um dos favoritos, encontrando dificuldades para vencer o adversário. A Desportiva abriu o placar com um gol de Washington, mostrando que estava preparada para dar trabalho ao time mineiro. No entanto, o Cruzeiro reagiu, e Cleisson conseguiu o empate, finalizando a partida em 1 a 1. Esse resultado mantinha o confronto em aberto, exigindo que ambas as equipes voltassem a se enfrentar em Belo Horizonte para decidir quem avançaria para a próxima fase.
Na partida de ida, o Cruzeiro entrou em campo com a seguinte escalação: Paulo César Borges; Nonato, Zelão, Paulo Roberto e Rogério; Ademir, Douglas e Cleisson; Roberto Gaúcho, Charles e Éder Aleixo. A Desportiva, por sua vez, foi a campo com Ronaldo; Saldanha, Altino, Vladimir e Lenilson; Júnior, Washington e Edson; Helinho, Joelson e Saulo. Esse primeiro confronto mostrou um Cruzeiro determinado, mas ainda sem conseguir deslanchar no ataque, enquanto a Desportiva buscava defender e explorar oportunidades no contra-ataque.
Segundo jogo: Cruzeiro 5x0 Esportiva
O Segundo jogo,
no dia 24 de março, os times se reencontraram para o jogo de volta, desta vez no Mineirão. Contando com o apoio de sua torcida, o Cruzeiro entrou em campo decidido a carimbar a classificação com autoridade. E foi o que fez: a equipe celeste atropelou a Desportiva com uma vitória por 5 a 0, em uma exibição de domínio e eficiência. Cleisson, em noite inspirada, marcou dois gols, enquanto Nivaldo também balançou as redes duas vezes. Para fechar a goleada, Éder Aleixo, com seu característico chute potente, marcou o quinto gol, sacramentando a vaga para as oitavas-de-final.
Com essa vitória expressiva, o Cruzeiro avançou para a próxima fase, deixando para trás o time capixaba e mostrando que estava disposto a lutar pelo título da Copa do Brasil.


OITAVAS DE FINAL Cruzeiro x Náutico

Primeiro jogo: Náutico 1x0 Cruzeiro
Nas oitavas de final da Copa do Brasil de 1993, o Cruzeiro enfrentou o Náutico em uma disputa acirrada. O primeiro jogo ocorreu em 6 de abril, no tradicional Estádio dos Aflitos, em Recife. As condições do gramado dificultaram a atuação do time mineiro, que não conseguiu impor seu estilo de jogo. Aproveitando o mando de campo e as dificuldades impostas pelo terreno, o Náutico aproveitou uma oportunidade e abriu o placar com o armador Paulo Leme, que marcou o único gol da partida. O resultado de 1 a 0 deu ao time pernambucano uma vantagem importante para a partida de volta, obrigando o Cruzeiro a reverter o placar em Belo Horizonte.
Na partida de ida, o Cruzeiro foi escalado com: Paulo César Borges no gol; Paulo Roberto, Zelão, Célio Lúcio e Nonato formando a defesa; no meio-campo, Ademir, Douglas e Cleisson; e o ataque composto por Roberto Gaúcho, Charles e Éder Aleixo. 
O Náutico, sob o comando de seu técnico, foi a campo com a seguinte formação: Mauri no gol; Zé Carlos, Hélio, Eraldo e Baiano na defesa; no meio-campo, atuaram Paulo Leme, Adriano e Ivanildo; e o trio ofensivo foi formado por Bizu, Lima e Gilberto. Com o placar desfavorável, o Cruzeiro sabia que precisaria fazer um jogo perfeito em casa para conquistar a vaga.

Segundo jogo: Cruzeiro 2x0 Náutico
O jogo de volta aconteceu em 13 de abril, no Mineirão, e a equipe celeste entrou em campo determinada a reverter a vantagem adversária. A regra do gol fora de casa era um fator de risco, pois qualquer gol marcado pelo Náutico complicaria a missão do Cruzeiro. Diante de sua torcida, o Cruzeiro assumiu o controle da partida e não demorou a mostrar sua força. Nonato, em uma jogada bem trabalhada, abriu o placar, diminuindo a tensão no estádio e igualando o confronto no agregado.
Ainda precisando de mais um gol para garantir a classificação sem precisar dos critérios de desempate, o Cruzeiro manteve a pressão e, com persistência, conseguiu ampliar com Nivaldo, que marcou o segundo gol e selou a vitória por 2 a 0. A torcida explodiu em comemoração, e o time garantiu a vaga nas quartas de final da competição, eliminando o Náutico e mostrando a força de sua equipe, determinada a lutar pelo título da Copa do Brasil de 1993.


QUARTAS DE FINAL Cruzeiro x São Paulo

Primeiro jogo: São Paulo 1x2 Cruzeiro
Nas quartas de final da Copa do Brasil de 1993, o Cruzeiro enfrentou um dos times mais fortes do cenário nacional: o São Paulo. Embora o clube paulista estivesse focado na disputa da Taça Libertadores, onde buscava seu segundo título consecutivo, isso não diminuiu a complexidade do confronto para o Cruzeiro. O São Paulo vinha de vitórias sobre o Sergipe e o Rio Branco nas fases anteriores, mas optou por uma formação alternativa na Copa do Brasil, reservando os titulares para a competição continental.
A primeira partida ocorreu no dia 4 de maio, no Morumbi. Mesmo jogando fora de casa, o Cruzeiro entrou em campo determinado a buscar a vitória. A equipe mineira saiu na frente com um gol de Boiadeiro, surpreendendo o time paulista. Nivaldo ampliou, dando ainda mais tranquilidade para o Cruzeiro, que demonstrou força e organização. O São Paulo conseguiu diminuir a diferença com um gol de Cláudio Moura, mas o placar final foi 2 a 1 para o Cruzeiro, garantindo uma importante vantagem para o segundo jogo em Belo Horizonte.
No primeiro confronto, o Cruzeiro foi escalado com a seguinte formação: Paulo César Borges no gol; Paulo Roberto, Zelão, Célio Lúcio e Nonato na defesa; Boiadeiro, Ademir e Cleison no meio-campo; e Roberto Gaúcho, Éder Aleixo e Nivaldo no ataque. 
O São Paulo, por sua vez, entrou em campo com uma equipe composta por reservas, escalada pelo técnico Telê Santana da seguinte forma: Alexandre no gol; Cláudio Moura, Gilmar, Vítor e Ronaldo Luiz na defesa; Dinho, Mona e Elivélton no meio; e o ataque formado por Catê, Douglas e André.
Segundo jogo: Cruzeiro 2x2 São Paulo
No jogo de volta, realizado em 11 de maio no Mineirão, mais de 36 mil torcedores compareceram para apoiar o Cruzeiro. Com a vantagem do primeiro jogo, o time mineiro precisava apenas de um empate para garantir a classificação. Contudo, o São Paulo mostrou que não entregaria a vaga tão facilmente. A partida foi movimentada e equilibrada. Cleison, grande destaque do Cruzeiro, marcou duas vezes, deixando o time celeste em vantagem. Pelo São Paulo, Elivélton e Douglas marcaram, deixando o placar em 2 a 2.
Com o empate, o Cruzeiro confirmou sua classificação para as semifinais, onde enfrentaria o Vasco da Gama.

SEMIFINAIS Cruzeiro x Vasco da Gama
A semifinal da Copa do Brasil de 1993 foi marcada por um emocionante confronto entre Cruzeiro e Vasco da Gama. 

Primeiro jogo: Cruzeiro 3x1 Vasco
A primeira partida aconteceu no dia 20 de maio, no Mineirão, e reuniu mais de 32 mil torcedores, que compareceram para apoiar o time celeste. O Cruzeiro entrou em campo com a seguinte formação: Paulo César Borges no gol; Paulo Roberto, Zelão, Célio Lúcio e Nonato na defesa; Roberto Gaúcho, Ademir, Nivaldo e Edenílson no meio-campo; e Boiadeiro e Luís Fernando Flores no ataque. 
O Vasco, sob o comando do técnico Joel Santana, apresentou uma equipe com Carlos Germano no gol; Alexandre Torres, Alê, Cássio, Bismark, Carlos Alberto Dias, Geovani, Leandro Ávila e Valdir.
Desde o apito inicial, o Cruzeiro mostrou sua determinação, pressionando o Vasco com um ataque intenso. Edenílson foi o grande destaque da partida, criando diversas jogadas e causando dificuldades para a defesa carioca. Após uma série de tentativas, o Cruzeiro abriu o marcador com um gol de Luís Fernando Flores, que, após um lançamento preciso de Nonato, mergulhou de cabeça para balançar as redes. No entanto, o Vasco não se deixou abater e, em uma falha defensiva do Cruzeiro, conseguiu empatar com um gol de França, que chutou cruzado sem chances para Paulo César.
A resposta do Cruzeiro veio logo em seguida: no final do primeiro tempo, Edenílson, após receber um passe de Roberto Gaúcho, fez o segundo gol da Raposa, levando o time para o intervalo em vantagem. No segundo tempo, Edenílson selou a vitória com mais um gol, desta vez de cabeça, após um belo cruzamento de Roberto Gaúcho. O jogo terminou 3 a 1 para o Cruzeiro, que entrou na partida de volta com uma boa vantagem, podendo perder por um gol de diferença.

Segundo jogo: Vasco 1x1 Cruzeiro
O segundo confronto ocorreu em 27 de maio, no Maracanã, e contou com a presença de cerca de 22 mil torcedores apoiando o Vasco. O Vasco começou pressionando, e Paulo César, goleiro do Cruzeiro, teve que fazer importantes defesas. No primeiro tempo, o Vasco abriu o placar com Valdir, que aproveitou uma dividida com Paulo César e mandou a bola para o fundo da rede. Com isso, o time carioca foi para o intervalo em vantagem.
Na segunda etapa, o Cruzeiro se reorganizou e começou a equilibrar as ações. O capitão Paulo Roberto fez um golaço de falta, empatando o jogo. No entanto, a Raposa teve uma chance clara de aumentar a vantagem quando Roberto Gaúcho sofreu um pênalti. Paulo Roberto, na cobrança, acabou acertando o poste, mesmo assim, o empate em 1 a 1 foi suficiente para garantir a classificação do Cruzeiro à sua primeira final da Copa do Brasil. 

Enquanto isso, o Grêmio avançava no outro lado da chave, confirmando-se como o adversário do Cruzeiro na grande final. A trajetória do time gaúcho até a decisão começou com vitórias sobre o Sorriso, do Mato Grosso, seguidas por um confronto contra o União Bandeirante, do Paraná. Nas quartas de final, o Grêmio enfrentou o Palmeiras, em jogos duros, mas conseguiu a classificação. Na semifinal, encarou o Flamengo e, com muita solidez defensiva e eficiência no ataque, confirmou seu lugar na final. Assim, Grêmio e Cruzeiro, duas equipes tradicionais e aguerridas, estavam prontas para se enfrentarem na disputa pelo título da Copa do Brasil de 1993, com o Cruzeiro em busca de sua primeira conquista e o Grêmio em busca do bicampeonato, já que havia vencido a primeira edição do torneio em 1989.

FINAL Cruzeiro x Grêmio
Primeiro jogo: Grêmio 0x0 Cruzeiro
O primeiro jogo da final da Copa do Brasil de 1993 aconteceu em um domingo, 30 de maio, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre. O ambiente estava eletrizante, com um público pagante de 31.385 torcedores e uma presença total de 36.342 pessoas. A renda bruta foi impressionante, alcançando Cr$ 4.792.750.000,00. As expectativas eram altas, pois tanto o Cruzeiro quanto o Grêmio chegavam à final com campanhas semelhantes: 4 vitórias, 3 empates e 1 derrota.
O Grêmio entrou em campo com uma formação forte. O técnico Sérgio Cosme escalou Eduardo no gol; Luís Carlos Winck, Paulão (ex-jogador do Cruzeiro), Luciano e Dida formavam a defesa; Pingo, Jamir, Juninho e Dener eram os responsáveis pelo meio-campo; e Gílson (substituído por Charles, também ex-Cruzeiro) e Carlos Miguel atuavam no ataque. Dener, em especial, era o destaque, conhecido por sua habilidade e velocidade, enquanto Gílson era o artilheiro do time.
O Cruzeiro, sob o comando do técnico Pinheiro, também tinha um elenco talentoso. Paulo César Borges defendia as redes; a zaga era composta por Zelão, Célio Lúcio, Luizinho e Nonato; o meio-campo contava com Ademir, Rogério Lage e Marco Antônio Boiadeiro; e o ataque tinha Roberto Gaúcho, Cleisson e Edenílson. Boiadeiro, com sua classe e visão de jogo, era fundamental para o time celeste, assim como Roberto Gaúcho, conhecido por sua inteligência e habilidade em criar jogadas.
Assim que a bola rolou, a partida foi marcada pela intensidade. O Grêmio começou com um ímpeto ofensivo, e Dener logo levou perigo ao gol do Cruzeiro. Ele driblou dois defensores, mas a finalização saiu fraca, facilitando a defesa de Paulo César. A chuva que caía incessantemente tornava o gramado encharcado, prejudicando o toque de bola, uma das características que o Cruzeiro valorizava.
Apesar das dificuldades, o time celeste se destacou em diversas oportunidades. Uma das principais chances veio em uma cabeçada de Roberto Gaúcho, que exigiu uma boa defesa do goleiro Eduardo, após um cruzamento preciso de Edenílson. Cleisson também teve sua chance ao dividir a bola com o goleiro gremista, mas foi pressionado pelos zagueiros e não conseguiu finalizar de maneira eficaz.
O segundo tempo trouxe novas emoções. Dener, mais uma vez, disparou pelo lado esquerdo e, ao entrar na pequena área, perdeu uma chance incrível ao chutar para fora. O jogo seguia em um ritmo frenético, com ambos os times buscando o gol, mas as defesas se mostraram firmes. O empate em 0 a 0 no final da partida deixou o Cruzeiro com a vantagem de decidir a final em casa, no Mineirão, onde esperava contar com o apoio massivo de sua torcida para conquistar o título.
Com a definição para o segundo jogo da final em Belo Horizonte, o Cruzeiro sabia que a oportunidade de levantar o caneco estava próxima, e a expectativa aumentava entre os torcedores celestes.

Segundo jogo: Cruzeiro 2x1 Grêmio
No dia 3 de junho de 1993, a atmosfera em Belo Horizonte estava elétrica. O Mineirão, lotado com mais de 70 mil torcedores, foi o cenário da grande decisão da Copa do Brasil, e o público não decepcionou, gerando uma renda impressionante de Cr$ 11.023.125.000,00. Com o místico uniforme branco, o Cruzeiro entrava em campo determinado a conquistar o título. A vitória era a única opção, pois um empate de 0 a 0 levaria a partida para os pênaltis, e qualquer empate com gols daria o troféu ao Grêmio.
O técnico Pinheiro escalou a equipe celeste com Paulo César no gol; a defesa era formada por Paulo Roberto Costa, Célio Lúcio, Róbson e Nonato; no meio-campo, atuavam Ademir, Rogério Lage e Éder; enquanto o ataque contava com Roberto Gaúcho, Cleisson e Edenílson. 
Do outro lado, o Grêmio, sob o comando de Sérgio Cosme, tinha Eduardo no gol; a defesa era composta por Jackson, Paulão, Luciano e Dida (substituído por Charles); o meio-campo contava com Pingo, Jamir (substituído por Fabinho), Juninho e Dener; e na frente, Gílson e Carlos Miguel formavam a dupla de ataque.
Assim que o árbitro Renato Marsiglia apitou o início do jogo, a tensão era palpável. O Cruzeiro não demorou a mostrar sua força e, logo aos 12 minutos, Roberto Gaúcho arriscou um chute de longe. A bola saiu fraca, mas Eduardo, o goleiro gremista, não conseguiu segurá-la, e a redonda acabou entrando, fazendo a torcida celeste explodir em alegria: 1 a 0 para o Cruzeiro.
O Grêmio, com o golpe do gol sofrido, reagiu rapidamente. Aos 25 minutos, Carlos Miguel cobrou um escanteio, e Pingo, aproveitando a confusão na área, subiu mais alto que a defesa cruzeirense e cabeceou a bola para o canto esquerdo de Paulo César, deixando tudo igual: 1 a 1. Com o empate, o Grêmio tinha a vantagem do gol fora de casa, e o clima no Mineirão se tornava ainda mais tenso.
O primeiro tempo terminou com o placar empatado, e a pressão aumentava sobre os jogadores do Cruzeiro, que precisavam vencer. Mas foi no início da segunda etapa, mais precisamente aos 20 segundos, que o jogo mudou novamente. Em um escanteio cobrado por Paulo Roberto, Cleisson subiu e, com um cabeceio certeiro, colocou o Cruzeiro novamente à frente: 2 a 1. A torcida foi à loucura, sabendo que aquele gol era crucial para a busca do título.
Após o gol, o Cruzeiro continuou a pressionar, criando diversas oportunidades. No entanto, o árbitro Renato Marsiglia não marcou um pênalti claro em cima de um jogador cruzeirense, e o goleiro Eduardo se destacou com grandes defesas, evitando que a equipe mineira ampliasse a vantagem.
Os minutos finais da partida foram de pura emoção, com o Grêmio tentando, mas sem sucesso, buscar o empate. Quando o árbitro apitou o final aos 48 minutos do segundo tempo, o Mineirão se transformou em um mar de celebrações. O Cruzeiro era campeão da Copa do Brasil de 1993!
Esse título não era apenas uma conquista; era um marco histórico. Após 27 anos sem vencer uma competição nacional, o Cruzeiro finalmente levantava um troféu importante, garantindo também uma vaga na Taça Libertadores da América de 1994, torneio do qual o clube estava afastado desde 1977. O ex-atacante Cleisson, artilheiro da Raposa na competição com seis gols, recordou a pressão que o grupo sentia para quebrar o jejum de títulos nacionais, reforçando a importância daquela vitória.
A conquista da Copa do Brasil de 1993 não só trouxe alegria aos torcedores, mas também iniciou uma década vitoriosa para o Cruzeiro, que continuaria a somar títulos e fortalecer sua tradição no cenário do futebol brasileiro. Um triunfo que permanecerá eternamente na memória dos amantes da Raposa.
Fontes: Almanaque do Cruzeiro Esporte Clube 1921-2013- RIBEIRO, Henrique,
Portal Terra, Itatiaia, Jornal O Tempo, Jornal Hoje em Dia, Globo, Jornal Estado de Minas e Rsssfbrasil. 

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