Campeonatos

Em 1972, o mundo vivia profundas transformações políticas, culturais e esportivas, refletindo um período de transição tanto no Brasil quanto no cenário internacional. No auge da Guerra Fria, a tensão entre Estados Unidos e União Soviética começava a diminuir com a assinatura do Tratado SALT I, que limitava a expansão de armas nucleares. Outro marco foi a histórica visita do presidente americano Richard Nixon à China, que reaproximou dois gigantes após décadas de isolamento. No entanto, o conflito no Vietnã ainda causava grande divisão, com os EUA retirando suas tropas gradualmente, enquanto protestos anti-guerra ganhavam força em diversas partes do mundo.

No Brasil, o regime militar, comandado por Emílio Garrastazu Médici, seguia sua política de repressão severa, censura à imprensa e controle sobre a cultura. Ao mesmo tempo, o país experimentava um rápido crescimento econômico, conhecido como Milagre Econômico, que elevava a industrialização e a infraestrutura, mas também ampliava a desigualdade social. Em 1972, o governo utilizou as comemorações dos 150 anos da Independência do Brasil como uma grande campanha de propaganda nacionalista, tentando fortalecer a imagem do regime diante da população.


No campo cultural, 
1972 foi um ano de grande efervescência. No cinema, "O Poderoso Chefão" redefinia o gênero de filmes de máfia e se tornava um clássico instantâneo. Musicalmente, o mundo vivia uma fase de transição, com o rock progressivo e o glam rock ganhando destaque. Bandas como Pink Floyd e Rolling Stones consolidavam suas carreiras, enquanto David Bowie lançava o icônico álbum "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", que mudaria a música pop para sempre. Nos Estados Unidos, a música soul e o funk dominavam as paradas com nomes como Stevie Wonder e James Brown, enquanto o reggae começava a ganhar projeção global com Bob Marley e o álbum "Catch a Fire".
No Brasil, a música popular enfrentava os desafios da censura, mas grandes nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento encontravam formas de driblar o regime, compondo canções carregadas de metáforas e críticas veladas à ditadura. O Tropicalismo seguia influenciando a música nacional, mesmo com muitos de seus líderes tendo enfrentado o exílio nos anos anteriores.
No esporte, 
o ano de 1972 foi marcado pelas Olimpíadas de Munique, que deveriam celebrar o espírito esportivo, mas foram tragicamente interrompidas pelo sequestro e assassinato de 11 atletas israelenses por um grupo palestino. Mesmo com a tragédia, o evento trouxe performances memoráveis, como a do nadador americano Mark Spitz, que conquistou sete medalhas de ouro. No basquete, a vitória controversa da União Soviética sobre os Estados Unidos na final masculina também foi um dos momentos mais impactantes dos jogos.
No Brasil, o futebol continuava a ser a grande paixão nacional, e os efeitos do tricampeonato mundial de 1970 ainda ecoavam por todo o país em 1972. A seleção brasileira daquela época, considerada por muitos a melhor de todos os tempos, trouxe imenso prestígio internacional ao futebol brasileiro. Jogadores como Pelé, Jairzinho e Tostão continuavam a ser reverenciados, e o futebol nacional se fortalecia. Clubes como Santos, Cruzeiro e Palmeiras dominavam o cenário nacional, e o Campeonato Brasileiro ganhava cada vez mais importância. 
Essa euforia esportiva também foi explorada pelo regime militar como ferramenta de propaganda, associando as vitórias no futebol à imagem de um Brasil forte e próspero. No entanto, em meio a essa celebração, o esporte olímpico brasileiro ainda era modesto, com poucas conquistas nos Jogos de Munique, refletindo a falta de investimento em outras modalidades além do futebol.
O contexto político, cultural e esportivo de 1972 oferece um panorama dinâmico e complexo, em que o Brasil, mesmo em meio a um regime autoritário, buscava consolidar sua identidade através da música, do cinema e, sobretudo, do futebol. Foi nesse cenário que o Cruzeiro Esporte Clube continuou a construir sua trajetória, navegando por um ambiente de grandes mudanças e desafios, mas também de vitórias e afirmação no cenário nacional.


UM NOVO CRUZEIRO
Após a conquista do pentacampeonato mineiro em 1969, o Cruzeiro Esporte Clube passou por importantes mudanças em seu elenco, que redefiniram o time nos anos seguintes. A saída de ídolos como Tostão, que se transferiu para o Vasco da Gama, e Natal, uma das principais referências ofensivas, representou o fim de uma era vitoriosa. No entanto, a renovação veio rapidamente, com a chegada de jovens promissores como Roberto Batata, que se tornaria uma peça fundamental no ataque. Em 1972, sob o comando de Hilton Chaves, o Cruzeiro formou uma equipe competitiva, com jogadores como Piazza e Zé Carlos liderando o meio de campo, e um ataque dinâmico composto por Palhinha e Lima, além de Roberto Batata. A base do time que jogava com Hélio; Lauro, Darcy Menezes, Fontana, Vanderlei; Piazza, Zé Carlos; Luis Carlos (Eduardo), Roberto Batata, Palhinha e Lima representava a mescla de experiência e juventude, dando ao Cruzeiro um novo fôlego em sua busca por títulos.


70 DIAS PELO MUNDO
Em 1973, o Cruzeiro Esporte Clube embarcou em uma excursão histórica pelo mundo, que durou 70 dias. Sem realizar nenhum treino prévio, devido às férias dos jogadores, o time partiu para disputar amistosos em diversos continentes. Pela primeira vez, o Cruzeiro jogou na Oceania e na Ásia, além de retornar à América do Norte. Durante esse período, foram disputados 18 amistosos, que renderam ao clube quase um milhão de cruzeiros.
Um dos momentos mais marcantes da viagem aconteceu na Indonésia, onde o Cruzeiro venceu o Dinamo Tblisi, da Geórgia, por 3 a 1, diante de um público impressionante de mais de 102 mil pessoas. Após o jogo, o técnico do Dinamo, Gravi Katchalin, declarou com admiração: “Vocês não são craques, são artistas!”. O impacto da partida foi tão grande que, ao sair do estádio, uma multidão de torcedores aguardava o time, transformando o trajeto até o hotel, que deveria durar 10 minutos, em uma longa jornada de mais de uma hora.
  

O BRASILEIRO DE 1972
O Campeonato Brasileiro de 1972, chamado oficialmente de Campeonato Nacional de Clubes, contou com a participação de 26 equipes, seis a mais que na edição anterior. Essa ampliação tinha um viés político, buscando integrar clubes de mais estados, incluindo representantes de Alagoas, Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe. 
A competição não tinha rebaixamento e era dividida em quatro fases. Na primeira, os times foram organizados em grupos, com os melhores avançando. As semifinais e finais foram disputadas em jogo único, com vantagem de empate para os clubes de melhor campanha.
Com grandes nomes do futebol brasileiro em campo, como Pelé, Dirceu Lopes, Rivelino, Jairzinho e Tostão, o campeonato gerava enorme expectativa. Para o Cruzeiro, que vinha se reformulando após o pentacampeonato mineiro, a competição representava uma oportunidade de se consolidar nacionalmente com sua nova geração de talentos, como Roberto Batata e Palhinha.

A participação do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 1972 foi marcada por uma campanha sólida na fase de grupos, onde a equipe terminou em terceiro lugar no Grupo B, com 12 vitórias, 9 empates e apenas 4 derrotas, somando 33 pontos. O time se destacou com boas atuações, incluindo vitórias importantes contra o Náutico (2x1), CRB (4x1) e Santos (2x0), com Roberto Batata e Dirceu Lopes como principais destaques ofensivos.
Na segunda fase, porém, o Cruzeiro teve dificuldades. Enfrentando Internacional, Vasco e Flamengo, a equipe não conseguiu vitórias, empatando apenas uma partida (1x1 contra o Flamengo) e terminando na última colocação do grupo, com 1 ponto. Assim, o clube foi eliminado, encerrando sua participação na competição de forma precoce, apesar das expectativas de uma campanha mais forte. Palmeiras foi o campeão.

De acordo com as informações abaixo, faça um texto, informando cada detalhe das partidas jogadas pelo Cruzeiro na primeira fase do Campeonato Estadual de 1972. Escreva de forma simples e direta. Essas informações serão inseridas no capítulo de um livro que contará sobre o ano de 1972 vivido pelo Cruzeiro Esporte Clube.

CAMPEÃO MINEIRO DE 1972
O Campeonato Mineiro de 1972 foi a 58ª edição oficial do torneio, reunindo 20 clubes de diversas regiões de Minas Gerais. Entre os participantes estavam times tradicionais como Cruzeiro, Atlético Mineiro e América, além de equipes do interior, como Villa Nova, Caldense e Tupi. 
O campeonato foi disputado em três fases e os clubes foram divididos em dois Grupos (A e B), com 06 times cada. 
Na primeira fase, os times de cada grupo se enfrentavam em dois turnos. Os quatro melhores de cada grupo se classificavam para a etapa seguinte, se mantendo no grupo.
Na Segunda fase, os times do Grupo A enfrentavam os times do Grupo B, também em dois turnos. Os dois melhores de cada grupo se classificaram para o quadrangular final.
Na terceira fase, quadrangular final, os times se enfrentavam em jogos únicos, todos realizados no Mineirão. O campeão seria aquele que ao final de todos os jogos somasse o maior número de pontos. Esse formato trouxe emoção e competitividade, com o Cruzeiro em busca de mais um título estadual.
Na primeira fase,
Na primeira fase do Campeonato Mineiro de 1972, o Cruzeiro disputou suas partidas no Grupo B, demonstrando um futebol sólido e garantindo a classificação para a fase final. 
Os times do Grupo B se enfrentaram em dois turnos.
A campanha começou com um empate fora de casa contra o Nacional de Uberaba em 19 de março, terminando em 2 a 2, com gols de Tostão e Palhinha. Em seguida, no dia 12 de abril, o Cruzeiro venceu o Uberlândia por 3 a 0, com Roberto Batata marcando duas vezes e Dirceu Lopes completando o placar.
No dia 2 de abril, em uma atuação de destaque, o Cruzeiro goleou o Tupi por 5 a 0, com dois gols de Rodrigues, dois de Tostão e um de Vanderley. No dia 30 de março, enfrentou o Atlético de Três Corações fora de casa e empatou em 0 a 0. Logo depois, no dia 15 de abril, venceu o Villa Nova por 4 a 1, com Roberto Batata e Zé Carlos balançando as redes duas vezes cada, enquanto Piorra descontou para o adversário.
Em 19 de abril, o Cruzeiro voltou a enfrentar o Nacional-U e venceu por 3 a 0, com gols de Dirceu Lopes, Palhinha e Rinaldo. A equipe enfrentou dificuldades fora de casa no dia 23 de abril, empatando em 0 a 0 contra o Uberlândia. No dia 26 de abril, o Cruzeiro venceu o Atlético-TC por 2 a 1, com Perfumo e Roberto Batata marcando, enquanto Carlinhos fez o gol adversário.
O penúltimo jogo da fase foi um empate sem gols contra o Tupi, no dia 1º de maio. E, fechando a fase de grupos com chave de ouro, o Cruzeiro venceu o Villa Nova fora de casa por 1 a 0 no dia 6 de maio, com Rinaldo marcando o gol da vitória.
Com essa campanha consistente, o Cruzeiro somou 16 pontos, com 6 vitórias e 4 empates, 20 gols marcados e apenas 4 sofridos, garantindo a primeira colocação do Grupo B e a classificação para a fase final do Campeonato Mineiro.

Na segunda fase,
Os times do Grupo B enfrentaram os times do Grupo A, também em dois turnos. O Cruzeiro manteve sua regularidade e seguiu em busca do título, jogando contra os times do Grupo A. A equipe demonstrou uma defesa sólida, sofrendo apenas um gol em oito partidas e garantindo a liderança do Grupo B.
A campanha começou com uma sequência de três empates sem gols: no dia 10 de maio, o Cruzeiro empatou com a Caldense em casa; em 14 de maio, enfrentou o América e novamente terminou 0 a 0; e em 17 de maio, jogando fora de casa contra o Valeriodoce, o placar também não saiu do 0 a 0.
No dia 21 de maio, o Cruzeiro empatou em 1 a 1 com o Atlético-MG, com Lima marcando para o Atlético e Dário igualando para o Cruzeiro. Após uma pausa no campeonato, o time voltou a campo em 16 de julho, vencendo a Caldense por 1 a 0 fora de casa, com gol de Roberto Batata.
Em 23 de julho, o Cruzeiro derrotou o América em Belo Horizonte por 2 a 0, com gols de Lima e Roberto Batata, ampliando sua vantagem na fase. No dia 30 de julho, em mais um jogo fora de casa, a equipe venceu o Valeriodoce por 1 a 0, com Roberto Batata marcando novamente.
Para encerrar a fase, o Cruzeiro enfrentou o Atlético-MG no clássico realizado em 6 de agosto, vencendo por 1 a 0 com gol de Dirceu Lopes. Com essa vitória, o Cruzeiro garantiu 12 pontos, invicto, com 4 vitórias e 4 empates, marcando 6 gols e sofrendo apenas 1. Esse desempenho levou a equipe à fase final, com grandes expectativas para a decisão do campeonato.​​​​​​​
Na terceira fase,
O Cruzeiro enfrentou um quadrangular final decisivo contra Atlético-MG, América e Atlético de Três Corações. Todos os jogos foram realizados no Mineirão, e o time celeste manteve sua forte campanha.
No dia 13 de agosto, o Cruzeiro começou com uma vitória expressiva por 4 a 0 sobre o Atlético de Três Corações, com dois gols de Roberto Batata, um de Dirceu Lopes e outro de Eduardo. Três dias depois, em 16 de agosto, o time celeste derrotou o América por 2 a 0, com gols de Dirceu Lopes e Roberto Batata, somando mais três pontos importantes.
No clássico contra o Atlético-MG, em 20 de agosto, as equipes empataram sem gols, mantendo a invencibilidade cruzeirense. Em 27 de agosto, o Cruzeiro voltou a vencer o Atlético de Três Corações, dessa vez por 1 a 0, graças a um gol contra de Arnaldo.
Entretanto, no dia 30 de agosto, o Cruzeiro sofreu sua primeira derrota na fase final, perdendo por 1 a 0 para o América, com Lima marcando o único gol da partida. 
Essa derrota quebrou a invencibilidade de 43 jogos sem derrotas no campeonato estadual, maior serie invicta da Raposa, até então.
No confronto decisivo contra o Atlético-MG, no dia 3 de setembro, o jogo terminou empatado em 1 a 1. Vanderley marcou para o Cruzeiro, enquanto Dario empatou para o Atlético.
Após o término do quadrangular, Cruzeiro e Atlético-MG ficaram empatados em pontos, ambos com 8 pontos, forçando a realização de uma partida final para decidir o campeão.
A Decisão
No dia 7 de setembro de 1972, Cruzeiro e Atlético se enfrentaram em uma final histórica para decidir o campeão do Campeonato Mineiro. A partida aconteceu no Mineirão, diante de 63.011 torcedores, e foi marcada pela emoção até o último minuto. O Cruzeiro, comandado por Hilton Chaves, entrou em campo com Hélio, Lauro, Darcy Menezes, Fontana, Vanderlei, Piazza, Zé Carlos, Luis Carlos (substituído por Eduardo), Roberto Batata, Palhinha e Lima.

O primeiro gol do jogo foi marcado pelo atacante Palhinha, aos 36 minutos, colocando o Cruzeiro na frente. No entanto, o Atlético, treinado por Telê Santana, empatou aos 62 minutos com Dario, levando a partida para a prorrogação.
A decisão veio apenas nos minutos finais do tempo extra, quando Palhinha, novamente, balançou as redes aos 114 minutos, garantindo o título para o Cruzeiro com uma vitória por 2 a 1. Foi uma conquista memorável para o clube celeste, coroando uma campanha de determinação e qualidade.
Fontes: Jornais Estado de Minas e Folha de São Paulo. 
rsssfbrasil, 
Livro Almanaque do Cruzeiro Esporte Clube, de Henrique Ribeiro.​​​​​​

Veja mais:

Back to Top