Campeonatos

Em 1984, o Brasil e o mundo viviam uma fase de intensas transformações, marcada por movimentos políticos significativos, inovações culturais e paixões esportivas que refletiam 
o desejo por mudança e modernidade. No cenário global, a Guerra Fria seguia em alta, com Estados Unidos e União Soviética ainda presos em um embate de forças e influências. 

A presidência de Ronald Reagan, com sua “Doutrina Reagan”, fomentava a pressão sobre os soviéticos, ampliando intervenções em áreas estratégicas do mundo e aprofundando a corrida armamentista.
 Em resposta, a União Soviética e seus aliados boicotaram os Jogos Olímpicos de Los Angeles, uma retaliação ao boicote americano aos Jogos de Moscou em 1980. A tensão política refletia-se nos movimentos pela paz que reuniam multidões em várias capitais, clamando pelo desarmamento nuclear e pela busca de soluções diplomáticas.
O Brasil vivia um fervor político único. Após décadas de regime militar, o movimento "Diretas Já" mobilizava milhões de brasileiros nas ruas, exigindo eleições diretas para presidente e cobrando um fim definitivo ao autoritarismo. Embora o Congresso tenha rejeitado a emenda que previa o retorno do voto direto, o espírito de mudança era claro, e figuras como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães representavam a esperança da transição democrática. Com uma sociedade em busca de liberdade e democracia, o país caminhava para uma transformação que, embora gradual, ganhava forma nos discursos e no sentimento popular. Esse clima de efervescência política se entrelaçava com uma cultura renovada, ancorada pela força criativa dos jovens.
Em meio ao ambiente de transformação, a cultura pop brasileira efervescia em paralelo à cena internacional. Mundialmente, a música pop experimentava a ascensão de ícones como Michael Jackson e Madonna, cujos estilos e temas desafiavam tabus e moldavam comportamentos. No Brasil, era o rock nacional que se destacava como voz da juventude, com bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho. As letras exploravam temas como liberdade, frustrações e esperanças da nova geração, refletindo o clima político e social do país. A televisão vivia também um período memorável, com novelas como Roque Santeiro, que abordava questões políticas e sociais de maneira crítica e simbólica, chegando a alcançar uma das maiores audiências da TV brasileira.​​​​​​​
Na esfera esportiva, o ano de 1984 trouxe emoções tanto para o mundo quanto para o Brasil. Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que enfrentaram a ausência dos soviéticos, o Brasil se destacou em modalidades como atletismo, natação, judô e vôlei. Nomes como Joaquim Cruz, que conquistou o ouro nos 800 metros, e Douglas Vieira, que levou a prata no judô, entraram para a história esportiva brasileira, inspirando uma geração. O vôlei masculino, com sua medalha de prata, deu início a uma era de ouro que mudaria a história desse esporte no país. No futebol, enquanto o Brasil via talentos como Zico, Sócrates e Careca se destacarem e definirem uma geração, os clubes enfrentavam o desafio de adaptação a novas táticas e estilos de jogo, que moldariam o futebol brasileiro nos anos seguintes.


RESUMO HISTÓRICO 1978 a 1983
Entre 1978 e 1983, o Cruzeiro Esporte Clube enfrentou um período de transformações e dificuldades, tanto dentro quanto fora de campo. Em 1978, a reeleição de Felício Brandi à presidência gerou divisões no clube. Antigos aliados, como Carmine Furletti e os irmãos Masci, passaram para a oposição, deixando Felício isolado no comando. Ao mesmo tempo, o clube enfrentava crises internas e dívidas, enquanto o time sentia a ausência de grandes ídolos, como Piazza, que havia se aposentado. Esse cenário afetou o desempenho do Cruzeiro, refletindo-se em uma fase de resultados instáveis.
Ainda em 1978, o Cruzeiro Exportação manteve sua tradição de jogos internacionais, incluindo uma estreia na Itália e a conquista de títulos como o Torneio de Vigo, na Espanha, e a Taça Independência, nos EUA. No entanto, no Campeonato Brasileiro, o clube terminou apenas em décimo lugar, e foi vice-campeão no estadual.
Em 1979, o clube ganhou o apelido de "Máquina Azul" pela força ofensiva demonstrada, sob o comando do técnico Ilton Chaves, mas o Campeonato Brasileiro continuava a ser desafiador, com o Cruzeiro terminando em sexto. Além disso, Dirceu Lopes, um dos maiores ídolos do clube, fez sua despedida, marcando o fim de uma era.
Nos anos seguintes, as dificuldades aumentaram. Em 1980 e 1981, o Cruzeiro seguiu sem títulos relevantes, caindo para o décimo e depois o décimo nono lugar no Brasileiro, enquanto o time se via cada vez mais fragilizado. Em 1982, com uma das piores campanhas da sua história, o Cruzeiro terminou o Brasileiro em 24º lugar, resultado que refletia uma combinação de problemas financeiros e a falta de reforços levou o clube a contratar jogadores desconhecidos, como Tobe e Bendelack, que acabaram marcando aquela época. Seus nomes inusitados tornaram-se sinônimo de um time em crise, que enfrentava derrotas e resultados aquém do esperado. O time ainda perdeu Nelinho, que foi contratado para jogar no time de Lourdes.
Ainda assim, a paixão da torcida permaneceu inabalada. Em 1983, mesmo com o time finalizando o Brasileiro em 17º lugar, a nação cruzeirense manteve uma média de quase 37 mil torcedores por jogo, mostrando a força e a lealdade dos seus apoiadores. 
Esses anos foram marcados por crises políticas, divisões internas e dificuldades financeiras. Mesmo sem títulos expressivos, o Cruzeiro conseguiu manter vivo o apoio de seus torcedores, preparando o terreno para os desafios e mudanças que viriam em 1984.


A TEMPORADA DE 1984

Em 1984, o Cruzeiro vivia um momento de reorganização. Após o brilho das décadas de 60 e 70, a equipe passava por um período de escassez, e a expectativa era de que esse novo ano pudesse marcar o início de uma retomada. O clube, com uma história rica e apaixonada, estava determinado a superar as dificuldades e o distanciamento de títulos expressivos. Para isso, voltou a investir em alguns nomes de peso e apostou na base para tentar reencontrar o caminho das vitórias.
Uma das grandes novidades foi o retorno de Joãozinho, um ícone da torcida que, após uma breve passagem pelo Internacional (1982-1983), voltou para vestir a camisa estrelada em sua última temporada pelo Cruzeiro. A presença de Joãozinho reacendeu a esperança dos torcedores, que ainda se lembravam de sua habilidade e momentos decisivos nos campeonatos anteriores. Seu retorno foi um verdadeiro presente para a torcida e uma tentativa de recuperar a identidade do clube, reforçando a ligação com suas tradições.
O time, dirigido inicialmente por Ilton Chaves e, em algumas ocasiões, por Oswaldo Brandão, era formado por uma mescla de experiência e juventude. Nomes como Vitor e Ademir Maria no gol, Evandro e Ailton na zaga e Ademar na lateral traziam estabilidade à defesa. No meio-campo, a presença de Palhinha e Eduardo Amorim dava mais qualidade ao setor, com suas habilidades técnicas e visão de jogo. Wilson Carrasco, um jogador combativo, somava força e resistência, contribuindo para o equilíbrio do time. O jovem Douglas, recém-promovido das categorias de base, representava o futuro do Cruzeiro e uma esperança de renovação.
O ataque, por sua vez, era composto por jogadores que misturavam técnica e rapidez. Tostão II, Carlinhos e Carlos Alberto Seixas eram referências na linha de frente, enquanto Geraldinho, Ivan e Edu Lima completavam as opções ofensivas, trazendo alternativas ao esquema tático. Esses jogadores eram responsáveis por tentar superar as defesas adversárias e trazer a vibração de um ataque dinâmico, inspirado nas épocas mais gloriosas do clube.
Para o Cruzeiro, 1984 era a chance de redescobrir sua essência e de renovar sua conexão com a torcida que nunca abandonou o time. Os desafios eram grandes: superar a falta de resultados expressivos, reorganizar um elenco que sofrera com saídas de grandes jogadores e retomar a tradição de um futebol competitivo e vitorioso. Mesmo em meio às dificuldades, a paixão da torcida se mantinha inabalável, e a média de público nos jogos era um reflexo da esperança de que, com essa nova formação, o Cruzeiro pudesse iniciar uma nova fase em sua história.

COPA BRASIL 1984 
Campeonato Brasileiro
O Campeonato Brasileiro de 1984, chamado oficialmente de Copa Brasil, foi a 29ª edição do torneio e contou com 41 equipes, reunindo times de diversos estados brasileiros. A competição era decidida por meio de um sistema de pontos, com equipes classificadas principalmente a partir dos resultados nos campeonatos estaduais. Além disso, algumas vagas foram destinadas a clubes com bom histórico no campeonato, independentemente de seus desempenhos recentes nos estaduais.
A presença de grandes craques do futebol brasileiro, como Romerito no Fluminense e jogadores consagrados em clubes como Flamengo e Grêmio, garantiu à competição momentos de alta qualidade técnica e disputas emocionantes. Ao longo da competição, o Fluminense, liderado por Romerito, conquistou o título, vencendo o Vasco na final e obtendo seu segundo título brasileiro.
O Cruzeiro, por outro lado, teve um desempenho aquém do esperado. Colocado no Grupo F, o clube mineiro lutou em uma chave que incluía times como o América-RJ e o Atlético-PR, mas enfrentou dificuldades em jogos-chave e terminou na quinta posição de seu grupo, sem avançar para a próxima fase.


CAMPEONATO MINEIRO 1984
O Campeonato Mineiro de 1984, a 70ª edição do torneio, trouxe grande expectativa aos torcedores e clubes de Minas Gerais. Contando com 14 participantes, a competição teve um formato dividido em dois turnos, onde os quatro melhores de cada turno avançavam para uma fase semifinal em sistema de mata-mata. Os vencedores de cada semifinal decidiam o título do turno em dois jogos. Para o clube que vencesse os dois turnos, o título mineiro era garantido automaticamente; caso contrário, haveria uma decisão entre os campeões de cada turno.
Entre os times participantes, estavam alguns dos maiores clubes de Minas Gerais, como o Atlético Mineiro, o América, e o Cruzeiro, além de equipes tradicionais como Caldense, Villa Nova, Uberaba e Tupi.
O ano de 1984 foi marcado por grandes expectativas para o Cruzeiro Esporte Clube, que buscava conquistar o Campeonato Mineiro após seis anos consecutivos como vice-campeão. O objetivo era quebrar a hegemonia do Atlético Mineiro, que dominou o torneio nos anos anteriores, e conquistar seu primeiro título na década de 80.
A primeira fase do Campeonato Mineiro, 
que começou em junho, contava com um regulamento que permitia a classificação dos quatro melhores times para as semifinais. A Raposa teve um desempenho sólido, disputando um total de 13 partidas, e ao final dessa fase, garantiu a sua vaga entre os semifinalistas.
A competição começou promissora para o Cruzeiro. Na rodada inaugural, realizada em 3 de junho, a equipe enfrentou o Guarani em casa e garantiu uma vitória convincente de 4 a 2. Carlos Alberto Seixas brilhou, marcando dois gols, enquanto Palhinha e Tostão II também deixaram sua marca. Essa vitória inicial deu confiança ao time.
Na segunda rodada, o Cruzeiro venceu o América por 1 a 0, com um gol de Tostão II. A sequência de resultados, no entanto, teve altos e baixos. Na terceira rodada, empatou com a Alfenense, resultado que não era esperado, mas rapidamente se recuperou ao vencer o Uberaba por 2 a 1 na quinta rodada. A Raposa mostrou força ao golear a Caldense por 3 a 0 na sétima rodada e garantiu uma vitória crucial de 1 a 0 sobre o Atlético Mineiro na nona rodada, com um gol contra de Luizinho, que selou a vitória e aumentou a moral da torcida.
Por outro lado, algumas derrotas, como a queda de 3 a 0 para o Uberlândia na quarta rodada e outro revés por 3 a 0 contra o Democrata de Governador Valadares, levantaram questionamentos sobre a consistência do time. Contudo, a Raposa se manteve firme e conseguiu vitórias importantes nas rodadas seguintes.
Nos últimos jogos da primeira fase, o Cruzeiro continuou sua trajetória de sucesso, derrotando o Tupi por 3 a 0 e o Nacional por 1 a 0. Ao final dessa etapa, a equipe terminou em primeiro lugar na tabela, com 20 pontos, e garantiu sua vaga nas semifinais, ao lado de Guarani, Villa Nova e América.
O desempenho do Cruzeiro na primeira fase foi uma combinação de talento individual e coletividade, com grandes jogadores como Carlos Alberto Seixas, Tostão II, e Joãozinho se destacando. Esses atletas contribuíram com gols, com a liderança e a experiência necessárias para guiar a equipe em um campeonato desafiador.
A eliminação do Atlético Mineiro na primeira fase foi uma surpresa para todos, destacando ainda mais a relevância do desempenho do Cruzeiro. A Raposa estava finalmente pronta para buscar o título que tanto almejava e, ao avançar para as semifinais, os torcedores alimentavam esperanças de que 1984 poderia ser o ano da redenção e da conquista.
 Semifinais da primeira fase: Cruzeiro X Villa Nova
Após um desempenho sólido na primeira fase do Campeonato Mineiro de 1984, o Cruzeiro Esporte Clube se preparava para as partidas decisivas que definiriam sua trajetória no torneio. O regulamento estabelecia que os quatro melhores times da primeira fase avançariam para as semifinais, e a Raposa estava determinada a conquistar a Taça Minas Gerais.
As semifinais começaram em 12 de setembro, com o Cruzeiro enfrentando o Villa Nova. 
Em um jogo tenso e equilibrado, as duas equipes empataram em 1 a 1. O gol do Cruzeiro foi anotado por Carlinhos, que marcou após um belo passe, enquanto Erivelto fez o gol do Villa Nova, complicando a vida da Raposa. O resultado deixava a definição do classificado em aberto para o jogo de volta.
No segundo confronto, realizado em 16 de setembro, o clima era de expectativa. Com a torcida apoiando, o Cruzeiro demonstrou sua força e venceu o Villa Nova por 3 a 2 em casa. O destaque da partida foi Eduardo, que abriu o placar, seguido por Tostão, que aumentou a vantagem. Ademir também contribuiu com um gol de pênalti, garantindo uma vitória essencial. Apesar dos gols de Osmar e Elísio, que tentaram trazer o Villa Nova de volta ao jogo, a Raposa mostrou sua garra e avançou para a final da primeira fase.

 Finais da primeira fase: Cruzeiro X América
A final da primeira fase foi marcada por um confronto emocionante contra o América. Na primeira partida, em 19 de setembro, o Cruzeiro saiu na frente com um gol de Carlinhos, seguido por um belo tento de Carlos Alberto Seixas, que ampliou a vantagem. No entanto, a equipe do América não se entregou facilmente e conseguiu um gol de pênalti de Almir no segundo tempo, encerrando a partida em 2 a 1 a favor da Raposa.
O jogo de volta, realizado em 23 de setembro, foi um verdadeiro teste de resistência e habilidade. Adílson abriu o placar para o América logo no início, deixando a equipe cruzeirense em uma situação complicada. Contudo, Carlos Alberto Seixas mostrou sua importância e virou a partida com dois gols impressionantes, um aos 58 minutos e outro aos 85. Com isso, o Cruzeiro garantiu mais uma vitória, fechando a final em 2 a 1.
Com essa sequência de resultados, o Cruzeiro conquistou a Taça Minas Gerais selando sua passagem para a próxima fase do campeonato como campeão do primeiro turno. Esse título foi especial, pois representou o terceiro consecutivo para a equipe, garantindo ao clube a posse definitiva do troféu.


NA SEGUNDA FASE DO CAMPEONATO
o Cruzeiro Esporte Clube enfrentou uma sequência de jogos intensos, que exigiram muito da equipe em termos de consistência e determinação. O torneio tinha um formato de pontos corridos, e os quatro primeiros colocados avançariam às semifinais. Cruzeiro sabia que precisava manter o foco para garantir sua vaga e continuar buscando o título.
A primeira rodada foi um teste inesperado. No dia 30 de setembro, o Cruzeiro recebeu o Democrata-SL e acabou surpreendido pela equipe visitante, que venceu por 1 a 0 com um gol de Dinei aos 54 minutos. Essa derrota trouxe à tona a necessidade de ajustes na equipe para evitar tropeços futuros.
Na segunda rodada, em 7 de outubro, o Cruzeiro enfrentou o Valeriodoce fora de casa e empatou em 2 a 2. O jogo foi disputado do início ao fim, com Zé Carlos e Ramón abrindo o placar para o Valeriodoce, enquanto Aílton e Tostão II marcaram para o Cruzeiro e garantiram um ponto importante na busca pela classificação.
O Cruzeiro reencontrou o caminho das vitórias na terceira rodada. No dia 11 de outubro, enfrentou o Tupi e conquistou uma vitória convincente por 3 a 0, com dois gols de Evaristo, um logo aos 2 minutos e outro aos 67, além de um pênalti convertido por Arildo. Essa vitória reforçou o ânimo da equipe, que parecia retomar seu ritmo de jogo.
Em 14 de outubro, o Cruzeiro seguiu com o bom desempenho e venceu o Uberlândia por 3 a 1. Tostão II abriu o placar logo aos 8 minutos, Carlinhos ampliou aos 31, e Carlos Alberto Seixas fez o terceiro gol aos 59. O Uberlândia até tentou reagir com um gol de Biro-Biro aos 74, mas a Raposa já tinha o jogo sob controle.
Na quinta rodada, o Cruzeiro enfrentou o Uberaba em um jogo muito disputado que terminou em um empate por 2 a 2. Dé e Aldeir marcaram para o Uberaba no primeiro tempo, mas Tostão e Geraldão responderam com gols no segundo tempo, garantindo mais um ponto para o Cruzeiro fora de casa.
Na rodada seguinte, o Cruzeiro teve um empate sem gols contra o Nacional em 21 de outubro, em um jogo que frustrou a torcida pela falta de gols, mas manteve o time com uma posição sólida na tabela.
O Cruzeiro recuperou o entusiasmo na sétima rodada, quando goleou o Democrata-GV por 5 a 0 em uma performance inspirada no Mineirão. Geraldão marcou o primeiro aos 23 minutos, seguido por Evaristo, que brilhou com três gols e Tostão II, que marcou de pênalti, fechando a partida com um resultado expressivo.
O desempenho da equipe seguiu brilhante na oitava rodada, em 28 de outubro, quando o Cruzeiro derrotou a Caldense fora de casa por 5 a 1. O jogo foi marcado por um verdadeiro show de Tostão II, Carlinhos, Evaristo, Joãozinho e outro gol de pênalti de Tostão II.
Na rodada seguinte, o Cruzeiro conseguiu uma vitória importante contra o América, vencendo por 1 a 0 com um gol de Carlos Alberto Seixas aos 75 minutos. Esse resultado foi essencial para solidificar a posição da equipe no topo da tabela.
No dia 11 de novembro, o Cruzeiro teve um clássico contra o Atlético, terminando em um empate por 1 a 1. Reinaldo abriu o placar para o Atlético aos 48 minutos, mas Carlos Alberto Seixas empatou aos 67, garantindo um ponto importante.
Seguiram-se dois empates sem gols nas rodadas finais contra o Villa Nova e o Guarani, mas a equipe já havia acumulado pontos suficientes para assegurar sua classificação. Encerrando a fase com uma vitória por 2 a 1 sobre o Alfenense, o Cruzeiro garantiu o segundo lugar na tabela com 18 pontos, assegurando uma posição nas semifinais e mantendo viva a esperança do título estadual.
A campanha da segunda fase foi marcada por altos e baixos, mas também por grandes atuações individuais e uma determinação inabalável. A equipe se uniu para enfrentar cada desafio, mostrando resiliência e garra em busca de mais uma conquista no ano de 1984.
 

 
 Na semifinal da segunda fase do Campeonato Mineiro de 1984, 
o Cruzeiro mostrou sua força ao enfrentar o Valeriodoce, equipe de Itabira, em uma disputa acirrada que consolidou sua passagem à final.
No primeiro confronto, realizado em 28 de novembro, o Cruzeiro viajou para enfrentar o Valeriodoce fora de casa. Em um jogo marcado pela resistência do time de Itabira e pela pressão da torcida local, o Cruzeiro conseguiu manter a calma e impor seu estilo de jogo. O gol da vitória veio dos pés de Geraldão, aos 59 minutos, que aproveitou uma brecha na defesa adversária e, com um chute certeiro, colocou o Cruzeiro na frente no placar. O resultado de 1 a 0 deu à Raposa uma vantagem importante para o segundo confronto.
No jogo de volta, realizado em 1º de dezembro, o Cruzeiro voltou a campo com a confiança renovada. No Mineirão, com a torcida em peso, o time buscou controlar o jogo desde o início. Carlinhos abriu o placar aos 25 minutos do primeiro tempo, aumentando a vantagem do Cruzeiro. A equipe, comandada por jogadores habilidosos e experientes, continuou pressionando e ampliou o placar logo aos 2 minutos do segundo tempo, com Tostão convertendo um pênalti de forma precisa. O 2 a 0 no placar selou a vitória e a classificação da Raposa para a final.
A atuação do Cruzeiro foi marcada por um domínio técnico e estratégico em campo, que deu ao time a confiança necessária para enfrentar o Atlético na grande final. A vitória sobre o Valeriodoce nas duas partidas da semifinal foi um marco da determinação cruzeirense em busca do título estadual de 1984.

A DECISÃO DO CAMPEONATO
A primeira partida da final da segunda fase do Campeonato Mineiro de 1984
foi um verdadeiro espetáculo de futebol, realizado no Mineirão, em um ambiente vibrante, com 52.869 torcedores ansiosos para ver o confronto entre Cruzeiro e Atlético. A expectativa era alta, pois ambos os times tinham se destacado ao longo do campeonato, mas o Cruzeiro estava determinado a deixar sua marca na história daquela temporada.
O time cruzeirense, sob o comando do treinador João Francisco, entrou em campo com uma formação sólida, apresentando nomes como Ademir Maria, Carlos Alberto, Luís Cosme, Eugênio, Ademar, e um meio-campo talentoso com Douglas e Palhinha. Na frente, a equipe contava com a habilidade de Carlinhos, Carlos Alberto Seixas e Joãozinho, além do lendário Tostão, que, mesmo em uma fase mais avançada de sua carreira, ainda demonstrava um futebol refinado.
Assim que a partida começou, o Cruzeiro mostrou-se firme, controlando a posse de bola e criando oportunidades. O jogo começou a mudar logo após o intervalo. Aos 49 minutos, Carlinhos, aproveitando um passe preciso, abriu o placar e deu início a uma avalanche de gols. Apenas seis minutos depois, foi a vez de Tostão deixar sua marca, anotando o segundo gol da partida. A torcida explodia de alegria nas arquibancadas, sentindo que a vitória estava cada vez mais próxima.
Carlinhos, em uma exibição magistral, retornou para marcar novamente aos 60 minutos, aumentando a vantagem para 3 a 0 e fazendo seu nome ainda mais memorável na história do clube. Para finalizar a goleada, Carlos Alberto Seixas selou o placar em 4 a 0 aos 68 minutos, consolidando a impressionante performance do Cruzeiro.
No entanto, o jogo não foi apenas marcado pelos gols. O Atlético, com um elenco recheado de estrelas, incluindo jogadores da Seleção Brasileira como Reinaldo e Éder Aleixo, tentou reagir, mas a defesa cruzeirense, liderada por Luís Cosme e Eugênio, foi sólida e impenetrável. As tensões aumentaram ao longo da partida, resultando em cartões vermelhos, incluindo a expulsão de Douglas pelo Cruzeiro aos 81 minutos, mas o resultado já estava garantido.
Com esse triunfo, o Cruzeiro não só levou uma vantagem considerável para o segundo jogo da final, mas também aumentou a moral da equipe, que sonhava com a conquista do título estadual. A vitória por 4 a 0 foi uma declaração de intenções e um momento de orgulho para a nação cruzeirense, que se viu cada vez mais perto da glória em 1984.

A segunda partida da final 
da segunda fase do Campeonato Mineiro de 1984 aconteceu no dia 9 de dezembro, no Mineirão, e prometia ser um confronto decisivo para o Cruzeiro. A atmosfera era eletrizante, com 99.174 torcedores empurrando o Atlético, que buscava reverter a goleada sofrida na primeira partida e, ao mesmo tempo, desafiando a supremacia da Raposa no campeonato.
O Cruzeiro, que já havia conquistado o primeiro turno e contava com a moral elevada após a vitória por 4 a 0 no jogo anterior, sabia que a partida não seria fácil. O rival Atlético entrou em campo determinado, e o jogo começou com ambos os times tentando impor seu estilo de jogo. Apesar da pressão inicial do Atlético, a defesa cruzeirense, liderada por Carlos Alberto e Eugênio, se mostrava firme, desarmando as investidas adversárias.
No entanto, o primeiro tempo terminou sem gols, com o Cruzeiro mantendo a vantagem e esperando a chance de ampliar seu título. Foi então que, nos acréscimos, uma falha na marcação cruzeirense permitiu que Reinaldo, o artilheiro do Atlético, encontrasse espaço para finalizar com precisão e abrir o placar. O gol marcado aos 45'+2' foi um balde de água fria para os jogadores e torcedores cruzeirenses, que saíram do primeiro tempo em desânimo.
Com o segundo tempo em andamento, o Cruzeiro tentou reagir, buscando o empate para garantir o título em campo. As jogadas se tornaram intensas, e o time estrelado pressionava, mas a defesa do Atlético se mantinha sólida. Carlos Alberto Seixas, que já havia sido o artilheiro da competição com 14 gols, e Tostão tentaram de todas as formas balançar a rede adversária, mas sem sucesso.
Quando o apito final soou, o placar indicava 1 a 0 para o Atlético. Apesar da derrota, a grande conquista do Cruzeiro já estava assegurada, pois o time havia vencido o primeiro turno e, com isso, garantiu o título estadual. 
O desfile dos campeões, que deveria ser uma celebração grandiosa, foi adaptado. O caminhão dos bombeiros que aguardava os jogadores na porta do Mineirão foi dispensado, e a equipe se viu em um caminhão de um torcedor para realizar o tradicional desfile pelas ruas do Barro Preto, mostrando a força e a paixão da torcida, mesmo diante das adversidades. O clima de euforia e celebração, ainda que um pouco ofuscado pela situação, foi uma demonstração do amor incondicional da torcida pelo Cruzeiro.


NO TAPETÃO
A vitória do rival trouxe à tona uma polêmica que se arrastaria por anos. O Atlético entrou com um recurso no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-MG), alegando que, com a vitória, somara mais pontos que o Cruzeiro no returno, o que gerou a controvérsia sobre quem realmente seria o campeão.
O clima de indefinição se instalou, e o jornal Estado de Minas publicou no dia 11 de dezembro de 1984 que "não há decisão em campo. Só na Justiça." O vice-presidente do Atlético, Flávio Dalva Simão, fez declarações exaltando a luta pelo título, mesmo que no "tapetão", ressaltando a importância do poder judiciário em uma democracia.
Eventualmente, a justiça confirmaria o título do Cruzeiro, reconhecendo a vitória nos dois turnos do Campeonato Mineiro de 1984. Mas, naquele momento, o foco estava nas emoções do jogo e na rivalidade acirrada entre as duas equipes, que continuava a marcar a história do futebol mineiro.
Fontes: Almanaque do Cruzeiro Esporte Clube 1921-2013- RIBEIRO, Henrique,
Portal Terra, Itatiaia, Jornal Hoje em Dia, Globo, Jornal Estado de Minas e Rsssfbrasil.
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