Campeonatos

O ano de 1967 foi marcado por mudanças profundas no cenário político, musical e esportivo, tanto no Brasil quanto no mundo. Globalmente, a Guerra Fria ainda dominava o ambiente geopolítico, com conflitos como a Guerra dos Seis Dias no Oriente Médio e a escalada da Guerra do Vietnã. Nos Estados Unidos, os movimentos pelos direitos civis ganhavam força, e a contracultura explodia com a "Summer of Love", levando o movimento hippie e a psicodelia a novos patamares. Nessa mesma época, os Beatles lançavam o icônico álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", enquanto artistas como Jimi Hendrix e Janis Joplin despontavam.
No Brasil, o governo militar, que controlava o país desde 1964, consolidou seu poder com a criação da Constituição de 1967, ampliando o controle sobre as instituições democráticas. Na música, o movimento Tropicália emergia, rompendo com as tradições da MPB ao misturar influências do rock e da psicodelia com ritmos brasileiros. Caetano Veloso e Gilberto Gil se destacaram nos festivais de música, trazendo inovação e resistência cultural em um período de repressão.
No esporte, 1967 também foi um ano de relevância. No cenário internacional, Denny Hulme conquistou o campeonato de Fórmula 1 e o Celtic FC venceu a Liga dos Campeões da UEFA, fazendo história no futebol europeu. No Brasil, o futebol seguia em ascensão, com grandes clubes ganhando destaque. O Cruzeiro Esporte Clube, que havia vencido a Taça Brasil em 1966 ao derrotar o poderoso Santos de Pelé, continuava a consolidar seu lugar entre os gigantes do futebol brasileiro, ao lado de clubes como Palmeiras e Botafogo.
Este capítulo relembrará como 1967 foi um ano marcante para o Cruzeiro, que, após a épica vitória sobre o Santos, estabelecia-se como uma nova força no futebol nacional, ao mesmo tempo em que o mundo enfrentava tantas transformações.
A AGITADA TEMPORADA DO CRUZEIRO
Após a conquista do bicampeonato estadual e da histórica Taça Brasil de 1966, o ano de 1967 chegou com enorme expectativa para a torcida do Cruzeiro. O time, que havia encantado o país com seu futebol envolvente e vencido o poderoso Santos de Pelé, agora se preparava para novos desafios. O Cruzeiro estrearia no Robertão, defenderia o título na Taça Brasil de 67, lutaria pelo tricampeonato estadual e, pela primeira vez, participaria da Taça Libertadores da América, a maior competição do continente.
A torcida estava confiante. Com um elenco forte, formado por Raul (Tonho), Pedro Paulo (Dawson), Celton (Vavá), (Cláudio) (Vicente), Procópio (William) e Neco (Murilo); Wilson Piazza (Zé Carlos) e Dirceu Lopes (Batista); Natal (Wilson Almeida), Evaldo (Marco Antônio), Tostão, Hilton Oliveira (Dalmar) (Ari) e o Técnico: Ayrton Moreira, os cruzeirenses sonhavam em levar o nome do clube ainda mais longe, enfrentando grandes times da América do Sul. O ano de 1967 prometia ser mais um capítulo emocionante na trajetória vitoriosa do Cruzeiro.

A ESTREIA NO ROBERTÃO
Em 1967, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ou "Robertão", surgiu como uma expansão do antigo Torneio Rio-São Paulo, incluindo clubes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, transformando-se na primeira grande competição nacional. Diferente do sistema eliminatório da Taça Brasil, o Robertão trouxe um formato de pontos corridos em um único turno, envolvendo times de cinco estados.
Participaram 15 clubes: Corinthians, Palmeiras, Portuguesa, Santos e São Paulo por São Paulo; Bangu, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama pelo Rio de Janeiro; Grêmio e Internacional pelo Rio Grande do Sul; Cruzeiro e Atlético Mineiro por Minas Gerais; e o Ferroviário pelo Paraná. As equipes foram divididas em dois grupos, e os dois melhores de cada grupo avançaram para o quadrangular final.
Essa competição se destacou por unir os maiores clubes do país e oferecer uma fórmula mais atraente para os torcedores, clubes e dirigentes.

A estreia do Cruzeiro no Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi marcada por uma impressionante goleada sobre o Atlético Mineiro. No dia 05 de março, no Mineirão, diante de um público superior a 90 mil pessoas, a equipe celeste venceu seu maior rival com um placar expressivo, 4 a 0, demonstrando força e qualidade já no início da competição nacional. Os gols da partida foram marcados por Evaldo (2), Natal e Wilson Almeida.

Essa partida histórica consolidou ainda mais o Cruzeiro no cenário do futebol brasileiro, reforçando sua capacidade de competir em alto nível.
Além da vitória retumbante, o período também trouxe outra novidade significativa: a estreia da Toca da Raposa. Embora ainda longe de ser o moderno centro de treinamentos que se tornaria mais tarde, a Toca, inaugurada no início dos anos 1970, era um sítio simples, com um campo de futebol, uma piscina e uma grande casa. Os jogadores ficavam hospedados em quartos com vários beliches, criando um ambiente de concentração e foco para a equipe. A Toca da Raposa, ainda em seus primeiros anos, começava a se tornar parte essencial da estrutura do clube, proporcionando ao Cruzeiro um local dedicado ao preparo físico e mental dos atletas.

Na segunda rodada, no dia 12 de março, no Mineirão, Cruzeiro venceu o Fluminense por 3 a 1. Tostão (2) e Dirceu Lopes fizeram para o time azul e Jorge Costa para o tricolor carioca.
Uma outra partida de destaque, foi o reencontro entre Cruzeiro e Santos, foi o quarto confronto contra a equipe de Pelé. Os Santistas estavam mordidos com as três derrotas seguidas e vieram a Belo Horizonte em busca da primeira vitória.
A partida aconteceu no dia 19 de abril de 1967, com público superior a 50 mil pessoas presentes no Gigante da Pampulha. A Raposa fisgou o Peixe e venceu mais uma, dessa vez por 3 a 1. Wilson Almeida marcou dois e Tostão um, Ismael fez para o time Santista.

O Cruzeiro fez uma campanha razoável com 6 Vitórias, 6 derrotas, 2 empates e terminou a primeira fase em terceiro do grupo, ficando fora do quadrangular final.
O Cruzeiro foi o clube com melhor renda de público, da primeira fase, com uma média de mais de 34 mil torcedores por jogo.
O Palmeiras foi o campeão da edição de 1967.


EXCURSÃO NOS ESTADOS UNIDOS
Durante a disputa do Robertão em 1967, o Cruzeiro recebeu um convite para realizar uma excursão internacional nos Estados Unidos, que oferecia cotas em dólar, uma oportunidade valiosa para reforçar o caixa do clube. Essa viagem aconteceu durante os dois compromissos no Peru, válidos pela Libertadores. Contudo, a CBF não flexibilizou as datas do Robertão, o que gerou um grande desafio para o Cruzeiro, que precisava conciliar a excursão com o calendário doméstico.
Com a impossibilidade de abrir mão das partidas do Robertão, o Cruzeiro decidiu participar da excursão utilizando um time misto. Uma exigência dos organizadores era a presença de Tostão, que estava em alta após sua participação na Copa do Mundo de 1966. A presença do craque era fundamental para o pagamento das cotas da excursão, dada sua fama internacional.
O confronto dessa viagem foi contra a equipe alemã Eintracht Frankfurt, em Washington, que terminou com vitória dos alemães por 4 a 3. Essa partida, mais voltada para promoção do futebol nos EUA, atraiu bastante atenção. Embora cerca de 20.000 ingressos tenham sido distribuídos, apenas 9.617 torcedores compareceram devido ao mau tempo e à neblina que cobria a cidade há três dias. O gramado estava em péssimas condições, com partes enlameadas e escorregadias, o que dificultou ainda mais a visibilidade e o desempenho dos jogadores. O jogo, no entanto, foi emocionante até o fim, com o Eintracht marcando o gol da vitória a apenas dois minutos do apito final.
Apesar das dificuldades, o público norte-americano demonstrou grande entusiasmo, aplaudindo os dribles e jogadas habilidosas dos brasileiros, além das defesas brilhantes do goleiro cruzeirense.
Curiosamente, enquanto o Cruzeiro jogava contra o Eintracht nos EUA, no Brasil, a equipe enfrentava o Grêmio em Porto Alegre pelo Robertão, em um feito inusitado de disputar duas partidas no mesmo dia.
Escalações:
Cruzeiro x Eintracht Frankfurt: Tonho, Gleison (categoria de base), Willian, Vavá, Dawson, Zé Carlos, Ílton Chaves, Tostão, Marco Antônio, Gilberto (categoria de base), Batista e Antoninho. Técnico: Airton Moreira.
Cruzeiro x Grêmio: Raul, Pedro Paulo, Cláudio, Procópio, Neco, Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Evaldo, Wilson Almeida e Ari. Técnico: Adelino.
No dia 14 de maio de 1967, o Cruzeiro voltou a jogar duas vezes no mesmo dia. No México enfrentou o América-Mex em partida amistosa e em Belo Horizonte venceu o Botafogo por 2 a 1, partida válida pelo Robertão.

PRIMEIRA PARTICIPAÇÃO NA LIBERTADORES
No início, a Taça Libertadores da América não era um torneio de muita credibilidade, além de muita violência a arbitragem era bem “complicada”, digamos assim.

Em 1966, a CBD decidiu não enviar um representante Brasileiro (Santos), por não concordar com as mudanças no regulamento. O Santos que foi “garfado” algumas vezes, preferiu não participar.


Em 1967 aconteceu a oitava edição da Taça Libertadores da América, onde os Campeões e vices dos torneios nacionais da américa do sul entravam na disputa. O único representante brasileiro foi o Cruzeiro, Campeão da Taça Brasil. O vice, Santos, alegou não ter condições de participar de forma integral da competição e excursionar na Europa e África.

A forma de disputa da libertadores era diferente da atual, onde os clubes classificados se dividiam em 3 grupos, sendo:
Grupo 1 formado por clubes do Brasil, Peru e Venezuela;
Grupo 2 formado por clubes da Argentina, Bolívia e Colômbia;
Grupo 3 formado por clubes do Chile, Equador, Paraguai, Uruguai.

Cada grupo composto pelos representantes (Campeão e vice) de cada país.
Como no grupo 1 tinha apenas o Cruzeiro como clube brasileiro, o grupo foi composto por 5 times e os demais 6.

Os times jogavam entre si em jogos de ida e volta, os 2 melhores de cada grupo se classificavam para a Semifinal, que dividia os 6 classificados em dois novos grupos. Nesses dois novos grupos, os times jogavam entre si (ida e volta) novamente e o melhor classificado de cada grupo jogava a final.

O Cruzeiro teve uma bela participação na estreia da competição, classificando em primeiro do seu grupo na primeira fase.
19 de fevereiro - Deportivo Galicia 0x1 Cruzeiro |  Gol: Evaldo.
22 de fevereiro - Deportivo Itália 0x3 Cruzeiro |  Gols: Tostão (2) e Evaldo.
18 de março - Cruzeiro 3x1 Deportivo Galicia | Gols: Tostão (2), Zé Carlos; Rafael.
20 de março - Cruzeiro 4x0 Deportivo Itália | Gols: Natal (2), Praça, Evaldo.
28 de abril - Cruzeiro 4x1 Universitário | Gols de Natal (2), Dirceu Lopes, Piazza; Challe.
01 de maio - Sport Boys1x2 Cruzeiro | Gols: Muñante; Neco, Evaldo.
03 de maio - Universitário 2x2 Cruzeiro | Gols: Lobatón, Chumpitaz; Hilton, Evalddo.
10 de maio - Cruzeiro 3x1 Sport Boys | Gols: Dirceu Lopes (2), Piazza; O.Ramírez.

Na Semifinal ficou em segundo do seu grupo com um ponto atrás do Nacional do Uruguai.
14 de junho – Cruzeiro 2x1 Nacional | Gols: Natal, Evaldo; Mujica.
18 de junho – Cruzeiro 1x0 Peñarol | Gol: Natal.
05 de julho – Peñarol 3x2 Cruzeiro | Gols: Spencer, Cortés, Rocha; Dirceu Lopes, Tostão.
08 de julho - Nacional 2x0 Cruzeiro | Gols: JCMorales, R.Sosa.
Na final o Racing, da Argentina, derrotou o Nacional conquistou a taça.
1ª Partida – Avellaneda - Racing Clube 0x0 Nacional
2ª Partida – Montevidéu - Nacional 0x0 Racing Clube
3ª Partida – Santiago - Racing Clube 2x1 Nacional

TAÇA BRASIL 1967
O Cruzeiro atual campeão da Taça Brasil, só entrou na competição na semifinal e enfrentou o Náutico.
O Cruzeiro venceu a primeira por 2 a 1, no dia 6 de dezembro, no Mineirão. Hilton Oliveira e Natal fizeram os gols do Cruzeiro.
Na partida de volta, no dia 13 de dezembro, o Náutico venceu por 3 a 0. Piazza perdeu um pênalti aos 37 minutos do primeiro tempo.

Com uma vitória do Cruzeiro e outra do Náutico, a terceira partida de desempate aconteceu no dia 15 de dezembro, na Ilha do Retiro em Recife. A partida terminou em 0 a 0 e o Náutico se classificou pelo saldo de gols.



TRICAMPEÃO MINEIRO
O Campeonato Mineiro de 1967 foi a 53ª edição do principal torneio de Minhas Gerais.
 Naquele ano, 12 clubes disputaram a taça no sistema adotado para a disputa de pontos corridos, sendo 02 pontos por vitória e 01 ponto por empate. Todos os clubes se enfrentaram em dois turnos, no final o campeão era aquele que acumulasse mais pontos. 
A primeira rodada do campeonato mineiro começou no dia 01 de julho, mas o Cruzeiro que buscava o tricampeonato só estreou no dia 12 de julho, como o time da Toca foi campeão da Taça Brasil em 66, naquele ano de 67 estava disputando a Taça Libertadores da América e alguns jogos do estadual acabaram sendo adiados.
O Cruzeiro ia muito bem na Libertadores, mas a estreia do Mineiro foi com uma derrota por 3 a 1 para o Usipa, em pleno Mineirão.
Na segunda rodada no Mineirão, o Cruzeiro enfrentou o Valeriodoce e aplicou uma goleada de 6 a 2. Os gols foram marcados por Natal duas vezes, Tostão também deixou 2, Dirceu Lopes e Evaldo.
Na terceira rodada, no dia 19 de julho, no Mineirão, o Cruzeiro aplicou mais uma goleada, dessa vez contra o Democrata de Sete Lagoas, 5 a 0. 3 gols de Tostão e 2 de Evaldo.


O Campeonato foi seguindo e o Cruzeiro oscilava bastante na competição.

23 de julho - Formiga 1x3 Cruzeiro | Gols: Henrique Frade; Tostão (2), Dirceu Lopes
29 de julho - Cruzeiro 3x1 Uberlândia | Gols: Davi (2), Dirceu Lopes ; Fiote
06 de agosto - Uberaba 0x0 Cruzeiro
12 de agosto - Cruzeiro 5x1 Villa Nova | Gols: Tostão (2), Natal (2), Evaldo; Noventa
19 de agosto – Cruzeiro 4x0 Araxá | Gols: Evaldo (2), Natal, Tostão
24 de agosto – Cruzeiro 0x0 Nacional
03 de setembro - Cruzeiro 1x2 América | Gols: Dirceu Lopes ; Caldeira, Dirceu Alves


Na última rodada do primeiro turno, Cruzeiro e Atlético se enfrentaram no Mineirão, mediante à um público superior a 99 mil pessoas. O jogo não saiu (0 a 0) e com o resultado o Cruzeiro ficou em terceiro na tabela, com 6 vitórias, 3 empates e duas derrotas. O Atlético ficou em primeiro com 19 pontos e em seguida o América com 18 pontos.

SEGUNDO TURNO
O Cruzeiro que buscava o tri do mineiro fez um segundo turno muito bom, emplacou uma sequência de 06 vitórias, um empate por 0 a 0 contra o América e uma vitória por 6 a 1 contra o Usipa, na décima nona rodada. Até aí o campeonato estava com o Atlético na liderança com 31, Cruzeiro com 30 e América com 26 pontos.
1º de outubro - Cruzeiro 2x0 Uberlândia | Gols: Tostão (2)
5 de outubro - Cruzeiro 4x0 Uberaba | Gols: Tostão (2), Dirceu Lopes, Evaldo    
12 de outubro - Cruzeiro 2x1 Villa Nova | Gols: Evaldo, Pedro Paulo; Paulinho
22 de outubro - Cruzeiro 4x2 Valeriodoce | Gols: Evaldo (2), Natal, Valério (contra); Nerival (2)          
29 de outubro - Cruzeiro 4x0 Democrata | Gols: Tostão (2), Evaldo, Natal
4 de novembro - Cruzeiro 7x1 Araxá | Gols: Procópio (3), Evaldo (3), Dirceu Lopes; Ganso
12 de novembro - Cruzeiro 0x0 América
19 de novembro - Cruzeiro 6x1 Usipa | Gols: Tostão (2), Piazza (2), Evaldo, Zé Carlos; Alemão

O CLASSICO QUE ENTROU PARA HISTÓRIA
A vigésima rodada foi marcada por um clássico entre Cruzeiro e Atlético. O Cruzeiro não podia perder o jogo, pois faltariam apenas duas rodadas para o campeonato terminar e a diferença aumentaria para 3 pontos.

 O jogo aconteceu no dia 26 de novembro de 1967, era um domingo de Mineirão lotado, mais de 110 mil pessoas presenciaram o grande jogo!

O Técnico Airtom Moreira, que estava há 3 anos no cargo, peça importante na conquista da Taça Brasil, estava afastado por licença médica e Orlando Fantoni, vinha comandando o time na reta final do campeonato.
O comandante escalou o Cruzeiro com Raul, Pedro Paulo, Viktor, Procópio, Neco, Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.

 A bola rolou e logo aos 5 minutos de jogo, o time celeste sofreu uma baixa terrível com a saída de Tostão machucado. Na época a regra permitia substituir apenas um jogador e deveria ser faltando 5 minutos para encerrar o primeiro tempo. O time mau assimilou a saída do craque e aos 21 minutos tomou o primeiro gol. Quatro minutos depois, Procópio foi expulso, deixando o Cruzeiro com dois jogadores a menos. Aos 39, 2 a 0 para eles. No final do primeiro tempo Zé Carlos entrou na vaga de Tostão. 
 Após o final da primeira etapa, o time do Cruzeiro foi para o vestiário e o técnico Orlando Fantoni teve um grande desafio para tentar mudar um cenário nada favorável ao time da Toca.


A REAÇÃO
 O segundo tempo começou com o Atlético pressionando tentando matar a partida e aos 15 minutos da etapa complementar, gol deles, 3 a 0! A torcida rival já entoava o grito de campeão nas arquibancadas, enquanto a torcida Azul assistia sem acreditar no que acontecia.
 O Cruzeiro não se abateu e logo que o juiz autorizou o reinício da partida, Natal diminuiu a diferença do placar, 3 a 1. Era início de uma das maiores reações nos confrontos entre Cruzeiro x Atlético. Dois minutos depois, aos 18 minutos do segundo tempo, Natal de novo, fazendo o segundo gol Cruzeirense (3x2). Nesse momento a atmosfera do estádio mudou, o lado que gritava “é campeão” ficou assustado enquanto a torcida azul fazia a festa e empurrava o time.
 
Aos 35 minutos, pênalti para o Cruzeiro!!! Os jogadores pediam Natal para cobrar o Pênalti e nesse momento Piazza que não era batedor de pênalti pegou a bola e colocou na marca da cal. O Capitão bateu e empatou a partida em 3 a 3!
No final da partida, em uma cobrança de falta, Zé Carlos teve a chance de virar o jogo, mas a bola foi parar no travessão do gol adversário.  
O árbitro Etelvino Rodrigues apitou o final da partida e os jogadores cruzeirenses comemoram a grande superação e o fato de ainda estarem vivos na conquista do Trí.

 Na penúltima rodada, o Cruzeiro venceu o Formiga por 2 a 0, gols de Dirceu Lopes e Evaldo. O Atlético empatou em 1 a 1 com o Villa Nova. Cruzeiro e Atlético empatam na classificação com 33 pontos. Na última rodada os dois times venceram e terminaram o returno com 35 pontos.

A DECISÃO
Segundo o regulamento, o critério de desempare era uma disputa numa melhor de três partidas e a decisão arrastou para o ano seguinte.
 O primeiro jogo foi no dia 14 de janeiro de 1968, domingo, com mais de 86 mil pessoas presentes no Mineirão.
 O jogo começou quente! Aos 5 minutos de partida, pênalti para eles. Ronaldo bateu e Raul defendeu. Aos 18 minutos, Natal fez 1 a 0 para o Cruzeiro. Aos 36, Vander fez mais um para o Cruzeiro, 2 a 0. Aos 16 minutos do segundo tempo, gol deles, Buião (2 a 1). O princípio da reação adversária não durou muito e três minutos depois Natal, o Diabo Loiro fez o terceiro gol da Raposa e concluiu o placar (3 a 1).
 O segundo jogo aconteceu no domingo seguinte, dia 21 de janeiro de 1968, no Mineirão, com um público com mais de 90 mil pessoas. O Cruzeiro deu um show dentro de campo e sob os gritos de olé, acabou logo com a decisão. 3 a 0, gols de Tostão aos 41 minutos, Dirceu Lopes aos 45 e Evaldo aos 17 minutos do segundo tempo.
 Após vencer as duas partidas, com o placar agregado de 6 a 1, o Cruzeiro sagrou-se tricampeão mineiro. Tostão foi o artilheiro do campeonato marcando 20 gols.

O ano de 1967 foi marcante para o Cruzeiro Esporte Clube, com altos e baixos em diversas competições. Após a histórica conquista da Taça Brasil em 1966, o time consolidou sua posição no futebol brasileiro e internacional, estreando na Libertadores da América com uma campanha promissora, embora tenha ficado fora da final. No Robertão, o Cruzeiro fez uma campanha razoável, mas não conseguiu avançar para o quadrangular final. Apesar disso, o clube garantiu o tricampeonato mineiro, reafirmando sua força no cenário estadual. Foi um ano de desafios e reafirmação, mostrando a força e o talento da equipe.
Créditos das fotos: Acervo do Cruzeiro Esporte Clube
Fontes: Jornais Estado de Minas e Folha de São Paulo. 
rsssfbrasil, 
Livro Almanaque do Cruzeiro Esporte Clube, de Henrique Ribeiro.​​​​​​​

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