Campeonatos

O ano de 1996 foi marcado por profundas transformações e tendências nas esferas política, musical, cultural e esportiva, no Brasil e no mundo. No cenário internacional, Bill Clinton foi reeleito nos Estados Unidos, enquanto a Europa avançava rumo à integração económica, e a China intensificava a sua modernização. No Brasil, o governo de Fernando Henrique Cardoso consolidou o Plano Real e iniciou um amplo processo de privatizações, trazendo estabilidade econômica, mas também desafios sociais.
Musicalmente, o rock britânico vivia o auge do britpop com Oasis e Blur, enquanto o hip-hop americano ganha força, abalado pela morte de Tupac
No esporte, os Jogos Olímpicos de Atlanta trouxeram glórias para o Brasil, com destaques como o ouro no vôlei de praia e a prata no basquete feminino. O futebol brasileiro viveu um momento de prestígio após o tetracampeonato mundial de 1994, e o Campeonato Brasileiro atraiu grandes audiências. Nesse contexto, o Cruzeiro Esporte Clube enfrentou seus próprios desafios e glórias, refletindo o clima competitivo e cheio de mudanças que caracterizou o ano de 1996.
ELENCO
Em 1996, o Cruzeiro Esporte Clube montou um dos plantéis mais fortes e diversificados da década, resultado de negociações inteligentes e trocas vantajosas. Em março, o São Paulo ofereceu seis jogadores do Cruzeiro em troca do meio-campista Belletti e do lateral Serginho. A negociação trouxe o Cruzeiro o zagueiro Gilmar, o volante Donizete, o atacante Ailton e os laterais Vítor e Ronaldo Luiz. Além disso, a meia Palhinha, de grande prestígio, foi cedida em definitivo, o que isentou o clube de um pagamento de R$ 300 mil por empréstimo, permitindo ao Cruzeiro formar uma equipe robusta sem gastar praticamente nada.
O elenco contava com grandes talentos em todos os cargos. No gol, Dida foi o destaque, com sua presença imponente e defesas espetaculares. Ele tinha como reservas William Andem e Harlei, ambos competentes e preparados para entrar em campo quando necessário. As laterais foram disputadas por jogadores de alta qualidade, como Nonato, Vítor e Ronaldo, além dos próprios Belletti e Serginho, que ainda estavam no clube antes da finalização da troca.
Na defesa, o time contou com um grupo sólido de zagueiros, incluindo Célio Lúcio e Marcos Teixeira, além de Gilmar, recém-chegado do São Paulo, que agregou experiência e técnica. Completaram a defesa Gelson Baresi e João Carlos.
No meio-campo, os volantes Ricardinho, Fabinho e Donizete Oliveira formaram um setor de marcação forte e resistente, garantindo proteção à zaga. Entre os meias, Palhinha, Cleisson e Luís Fernando Flores se destacaram pela criatividade e capacidade de organização do jogo, enquanto outros nomes como Léo Mineiro e Tico traziam inovações ao setor.
O ataque, por sua vez, foi poderoso e diversificado, com jogadores habilidosos e com faro de gol. Roberto Gaúcho e Ailton, que vieram na troca com o São Paulo, eram algumas das estrelas desse setor, ao lado de Marcelo Ramos, um dos principais artilheiros do time. Uéslei, Edmundo (que não era o "Animal"), Da Silva, Paulinho McLaren, Leto e Dinei completaram o ataque, cada um com características próprias que enriqueceram as opções do técnico.
Com essa formação, o Cruzeiro tinha à disposição um plantel equilibrado e competitivo, com um bom mix de experiência e juventude, pronto para enfrentar os desafios da temporada.

A COPA DO BRASIL
A Copa do Brasil foi criada em 1989 com o objetivo de reunir clubes de todo o país para um torneio nacional, substituindo a antiga Taça de Prata. Desde sua primeira edição, o Cruzeiro esteve presente, buscando sempre a conquista desse importante título do futebol brasileiro.
Em 1989, o Cruzeiro foi eliminado nas quartas de final pelo Flamengo, em uma campanha marcada pela disputa acirrada. No ano seguinte, 1990, o time mineiro também não conseguiu avançar além das fases iniciais, sendo superado pelo Goiás. No entanto, a equipe do Cruzeiro continuou a marcar presença na competição, enfrentando adversários fortes ao longo dos anos.
Em 1991, o Cruzeiro teve uma campanha de destaque, chegando até a semifinal, mas foi derrotado pelo Grêmio, que avançaria para a final. Em 1992, o time novamente foi eliminado nas fases iniciais, desta vez pelo Sport. Mas foi em 1993 que o Cruzeiro viveu seu momento mais marcante na Copa do Brasil até aquele ano, quando conquistou o título, derrotando o Grêmio nas finais, em um confronto memorável, após empate no primeiro jogo e vitória no segundo, garantindo seu primeiro troféu da competição.
Nos anos seguintes, o Cruzeiro manteve sua tradição na Copa do Brasil, mas as eliminações começaram a ocorrer nas fases mais avançadas, com destaque para 1994 e 1995, quando o time foi eliminado por grandes clubes como o Vasco e o Grêmio. 
Com sua trajetória recheada de momentos decisivos e enfrentando clubes de diferentes estados, o Cruzeiro consolidou-se como um dos times de destaque da Copa do Brasil, com a promessa de continuar sua busca por mais títulos.

A COPA DO BRASIL 1996 
A Copa do Brasil de 1996 foi a oitava edição do torneio, disputada por 40 clubes de todas as federações de futebol do Brasil. Foi a primeira vez que um representante de Roraima participou da competição, já que o Estado, até então, não tinha um campeonato de futebol profissional. A competição foi disputada no sistema de mata-mata, começando em 6 de fevereiro e terminando em 19 de junho de 1996. A classificação dos times era baseada em suas posições no Campeonato Brasileiro de 1995, com algumas vagas adicionais sendo distribuídas a partir da média de renda obtida pelos clubes durante o torneio nacional.
O Cruzeiro, após um histórico de eliminações precoces nas edições anteriores da Copa do Brasil, viu com bons olhos a edição de 1996. Mesmo não tendo se classificado diretamente, o clube garantiu sua vaga devido à sua boa posição no critério de média de renda do Campeonato Brasileiro de 1995, ficando entre as equipes com maiores rendas. Com essa nova chance, as expectativas eram altas. 

PRIMEIRA FASE Cruzeiro x Juventus-AC 
A Copa do Brasil de 1996 marcou o início de uma nova jornada para o Cruzeiro, que estreou na competição enfrentando o Juventus-AC, um time que representava o Estado do Acre. O confronto aconteceu na primeira fase do torneio e ficou marcado por uma vitória tranquila do Cruzeiro, garantindo a classificação antecipada.

Primeiro Jogo: Juventus-AC 1x1 Cruzeiro
O primeiro jogo da fase ocorreu na quarta-feira, 13 de março de 1996, no Estádio José de Melo, em Rio Branco, no Acre. Apesar de ser fora de casa, o Cruzeiro entrou em campo como favorito. Aos 9 minutos do primeiro tempo, o atacante Uéslei abriu o placar para o time mineiro, após uma boa jogada ofensiva. O Cruzeiro teve a vantagem, mas o Juventus-AC não se intimidou e, aos 30 minutos, empatou a partida com um gol de Sairo. O jogo terminou em 1 a 1, deixando a vaga para a próxima fase em aberto, mas com uma ligeira vantagem para o Cruzeiro, que tinha marcado fora de casa.
Escalação do Cruzeiro:
Dida, Nonato, Gélson Baresi, Célio Lúcio, Fabinho, Serginho, Belletti (Substituído por Roberto Gaúcho), Ricardinho, Marcelo Ramos, Palhinha e Uéslei. Técnico: Levir Culpi

Segundo Jogo: Cruzeiro 4x0 Juventus-AC
O segundo jogo aconteceu em Belo Horizonte, no Estádio Independência, na quarta-feira, 20 de março de 1996. A partida, que deveria definir o classificado, teve um resultado muito mais favorável ao Cruzeiro. Logo no começo, o time mineiro mostrou sua superioridade. Aos 2 minutos, Uéslei marcou novamente, fazendo 1 a 0. A vantagem fez com que o Cruzeiro dominasse o jogo, e, aos 35 minutos, Marcelo Ramos ampliou a vantagem para 2 a 0. No final do primeiro tempo, Edmundo, que havia substituído Roberto Gaúcho, fez 3 a 0 aos 43 minutos. No segundo tempo, já nos acréscimos, Marcelo Ramos voltou a balançar a rede e fechou o placar em 4 a 0, confirmando a goleada e a classificação tranquila para o Cruzeiro.
Escalação do Cruzeiro:
Dida, Marcos Teixeira, Gélson Baresi, Célio Lúcio, Fabinho, Nonato, Uéslei, Ricardinho, Marcelo Ramos, Palhinha e Roberto Gaúcho (Substituído por Edmundo). Técnico: Levir Culpi
Gols: Uéslei (2') Marcelo Ramos (35') Edmundo (43') Marcelo Ramos (93')


OITAVAS DE FINAL: Cruzeiro x Vasco
Nas oitavas de final da Copa do Brasil de 1996, o Cruzeiro viveu um dos momentos mais marcantes da sua história recente ao enfrentar o Vasco da Gama. O confronto se desenhou como um teste de fogo, mas o time mineiro protagonizou uma goleada histórica em pleno São Januário, deixando a torcida vascaína atônita com o desempenho avassalador.
Primeiro Jogo: Vasco 2x6 Cruzeiro
O primeiro jogo aconteceu na quinta-feira, 28 de março de 1996, em São Januário, no Rio de Janeiro, e a expectativa era de um jogo equilibrado. Mas o Cruzeiro surpreendeu desde o início. Logo aos 3 minutos do primeiro tempo, Uéslei abriu o placar para a Raposa, aproveitando uma falha da defesa vascaína. Aos 11 minutos, Gélson Baresi fez 2 a 0, ampliando a vantagem do Cruzeiro. A torcida vascaína mal conseguia acreditar no que estava acontecendo.
O Vasco ainda tentou reagir. Aos 29 minutos, Nílson descontou e fez 2 a 1, dando um breve suspiro ao time da casa, mas a resposta cruzeirense veio rápida e forte. No segundo tempo, Roberto Gaúcho fez o terceiro gol aos 52 minutos, e, logo em seguida, Marcelo Ramos marcou o quarto aos 55 minutos. O Cruzeiro estava irreconhecível, mostrando sua superioridade em campo. Aos 60 minutos, Palhinha fez 5 a 1, e a goleada histórica parecia não ter fim.
Ainda tentando se reerguer, o Vasco diminuiu um pouco a vantagem com Zinho, que fez o segundo gol do time carioca aos 63 minutos, colocando 5 a 2 no placar. Mas o Cruzeiro não deu descanso. Aos 83 minutos, Edmundo, que não era o "Animal", marcou o sexto gol cruzeirense, dando números finais a uma vitória incrível por 6 a 2, que praticamente selou a classificação do time mineiro para a próxima fase.
Escalação do Vasco:
Carlos Germano, Rogério Morais, Zé Carlos II, Bruno, Assis, Juninho Pernambucano, Leandro Ávila, Luizinho, Válber, Zinho e Nílson. Técnico: Carlos Alberto Silva
Escalação do Cruzeiro:
Dida, Célio Lúcio, Gélson Baresi, Nonato, Vítor, Fabinho, Palhinha, Ricardinho, Marcelo Ramos, Roberto Gaúcho e Uéslei. Técnico: Levir Culpi
Gols do Cruzeiro: Uéslei (3'), Gélson Baresi (11'), Roberto Gaúcho (52'), Marcelo Ramos (55'), Palhinha (60') e Edmundo (83')
Com a vitória retumbante, o Cruzeiro tinha praticamente garantido a sua vaga nas quartas de final da Copa do Brasil, mas ainda havia o segundo jogo para confirmar a classificação.

Segundo Jogo: Cruzeiro 1x1 Vasco
O segundo confronto aconteceu no dia 17 de abril de 1996, em Belo Horizonte, no Estádio Independência. Com a vantagem de 6 a 2 conquistada no primeiro jogo, o Cruzeiro entrou em campo apenas para administrar a vantagem. O time carioca, por sua vez, precisaria de um milagre para reverter o placar. E embora o Vasco tenha tentado pressionar, o Cruzeiro manteve o controle do jogo.
O único gol do Cruzeiro foi marcado por Marcelo Ramos, de pênalti, aos 42 minutos do primeiro tempo, colocando o time ainda mais confortável. No início do segundo tempo, aos 49 minutos, Zinho fez o gol de empate para o Vasco, mas o placar não foi alterado, e o Cruzeiro garantiu sua classificação com um empate por 1 a 1. O resultado somado à goleada histórica de 6 a 2 no Rio de Janeiro garantiu o Cruzeiro nas quartas de final com uma atuação impecável.
Com uma das vitórias mais expressivas da história do clube na Copa do Brasil, o Cruzeiro avançou para a próxima fase com um desempenho arrasador, deixando uma marca indelével na competição e nas lembranças dos torcedores.

    
QUARTAS DE FINAL Cruzeiro x Corinthians
Nas quartas de final, o Cruzeiro se encontrou com o Corinthians em um confronto que prometia ser muito equilibrado, mas que acabou mostrando a força do time mineiro com uma goleada inesquecível no primeiro jogo. O Cruzeiro, após ter goleado o Vasco da Gama nas oitavas, voltou a fazer história, desta vez diante de um Corinthians forte, mas que não resistiu à superioridade da Raposa no jogo de ida.
Primeiro Jogo: Cruzeiro 4x0 Corinthians
O jogo aconteceu na quarta-feira, 24 de abril de 1996, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. O Cruzeiro recebeu o Corinthians com um público de 13.698 torcedores e uma expectativa alta, já que o time paulista tinha um elenco recheado de estrelas, como Marcelinho Carioca e Edmundo. Porém, quem brilhou foi o Cruzeiro, que impôs um verdadeiro show de futebol e não deu chances para o time visitante.
O primeiro tempo foi muito equilibrado, com ambas as equipes tentando controlar o jogo, mas sem conseguir converter as oportunidades em gols. A pressão cruzeirense começou a ser sentida mais forte no segundo tempo, e a abertura do placar veio logo aos 62 minutos, quando Nonato, em grande fase, fez 1 a 0 para o Cruzeiro. Esse gol parecia abrir as portas para uma grande vitória.
Aos 72 minutos, Célio Lúcio ampliou para 2 a 0, deixando a torcida cruzeirense em êxtase. O Corinthians estava perdido em campo e, apesar de seus esforços, não conseguiu reagir. Já nos minutos finais, o Cruzeiro continuou sua festa: aos 88 minutos, Cleisson fez o terceiro gol, e, quase no apito final, aos 90 minutos, Palhinha fechou a goleada com o quarto gol. O placar final de 4 a 0 em Belo Horizonte era uma demonstração clara de que o Cruzeiro estava com o pé firme rumo à semifinal da competição.
Escalação do Cruzeiro:
Willian Andem, Vítor (Marcos Teixeira), Jean, Célio Lúcio, Nonato, Fabinho, Ricardinho, Uéslei, Palhinha, Marcelo Ramos (Cleisson) e Roberto Gaúcho (Luís Fernando).
Técnico: Levir Culpi
Escalação do Corinthians:
Maurício, Carlos Roberto (Marquinhos), André Santos, Henrique, Silvinho, Bernardo, Marcelinho Paulista, Souza, Marcelinho Carioca (Tupãzinho), Edmundo e Leonardo (Julio César). Técnico: Eduardo Amorim
Gols do Cruzeiro: Nonato (62'), Célio Lúcio (72'), Cleisson (88') e Palhinha (90')
Com esse resultado contundente, o Cruzeiro praticamente garantiu sua classificação para as semifinais da Copa do Brasil, mas ainda precisava confirmar a vaga no jogo de volta, que seria realizado em São Paulo.

Segundo Jogo: Cruzeiro 2x3 Corinthians
O segundo confronto aconteceu no Pacaembu, em São Paulo, na sexta-feira, 10 de maio de 1996. O Cruzeiro já chegava ao jogo com a vantagem da goleada de 4 a 0, o que dava um grande conforto para administrar a partida. No entanto, o Corinthians, em casa, não se entregou e foi em busca da reviravolta.
O jogo começou com o Corinthians pressionando e, aos 38 minutos, Souza abriu o placar para os donos da casa, colocando 1 a 0 no marcador. Mas o Cruzeiro respondeu rapidamente: aos 43 minutos, Marcelo Ramos empatou o jogo, fazendo 1 a 1 e mostrando que o time mineiro não estava disposto a se entregar. No início do segundo tempo, aos 48 minutos, Roberto Gaúcho colocou o Cruzeiro na frente, fazendo 2 a 1 e aumentando ainda mais a vantagem agregada.
Mas o Corinthians não desistiu. Aos 58 minutos, Marcelinho Carioca empatou a partida ao converter um pênalti, deixando o placar em 2 a 2. O jogo seguiu pegado, e aos 71 minutos, o Corinthians teve outra chance de marcar de pênalti, mas Dida, o goleiro cruzeirense, brilhou e defendeu a cobrança de Marcelinho Carioca, salvando o Cruzeiro. No entanto, aos 73 minutos, Edmundo, que era um dos principais jogadores do Corinthians, marcou o gol da virada, colocando 3 a 2 para o time paulista.
Apesar do esforço do Corinthians, o Cruzeiro conseguiu manter a vantagem acumulada do jogo de ida e avançou para a semifinal da Copa do Brasil. Com uma vitória por 4 a 0 no primeiro jogo e um empate suado no segundo, o time de Levir Culpi garantiu sua classificação com uma performance sólida, mostrando sua força tanto em Belo Horizonte quanto em São Paulo.
Escalação do Cruzeiro:
Dida, Vítor, Gélson, Célio Lúcio, Marcos Teixeira, Reginaldo, Léo, Cleisson, Palhinha (Edmundo), Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho (Luís Fernando). Técnico: Levir Culpi
Escalação do Corinthians:
Ronaldo, Luciano, Alexandre Lopes, Cris, Silvinho (Robson), Julio César, André Santos (Marquinhos) (João Paulo), Tupãzinho, Souza, Marcelinho Carioca e Edmundo. Técnico: Eduardo Amorim
Gols do Cruzeiro: Marcelo Ramos (43') e Roberto Gaúcho (48')
Gols do Corinthians: Souza (38'), Marcelinho Carioca (58' - pênalti) e Edmundo (73')
Com uma performance sólida e uma liderança incontestável na competição, o Cruzeiro deu mais um passo importante rumo ao título da Copa do Brasil, mostrando que em 1996 o time estava preparado para grandes feitos.

SEMIFINAIS Cruzeiro x Flamengo     
O Cruzeiro enfrentou o Flamengo nas semifinais da Copa do Brasil de 1996 em um confronto de gigantes do futebol brasileiro. O primeiro jogo aconteceu no Maracanã, no Rio de Janeiro, na terça-feira, 28 de maio de 1996, com o estádio lotado para assistir à luta entre duas equipes recheadas de talento e história.

Primeiro Jogo – Maracanã
O Cruzeiro, comandado por Levir Culpi, entrou em campo com a seguinte escalação: Dida, Marcos Teixeira, Gelson, Célio Lúcio, Nonato, Fabinho (Léo), Ricardinho, Uéslei (Edmundo), Palhinha (Luís Fernando), Marcelo Ramos e Cleisson. O Flamengo, sob o comando de Joel Santana, foi a campo com Roger, Zé Maria, Jorge Luís, Ronaldão, Gilberto, Márcio Costa, Valber (Iranildo), Nélio, Marques, Romário e Sávio.
O jogo foi intenso desde o início, com as duas equipes criando boas chances. No entanto, foi o Flamengo quem abriu o placar de maneira dramática. Aos 44 minutos do primeiro tempo, Sávio, aproveitou uma falha na defesa cruzeirense e colocou o Flamengo à frente: 1 a 0. 
No intervalo, o time mineiro estava pressionado, mas Levir Culpi sabia que a equipe tinha qualidade para reverter o resultado.
Na segunda etapa, o Cruzeiro foi com tudo para cima do adversário. O gol de empate veio aos 54 minutos, quando Cleisson, sempre presente nas decisões, recebeu um passe preciso e chutou forte para empatar o jogo: 1 a 1. O gol deu novo ânimo à equipe celeste, mas, apesar de algumas oportunidades para ambos os times, o placar não se alterou. O jogo terminou empatado em 1 a 1, um resultado que deixou o confronto totalmente aberto para a volta em Belo Horizonte.


Segundo Jogo – Mineirão
O segundo jogo aconteceu na quarta-feira, 5 de junho de 1996, no Mineirão, em Belo Horizonte, e foi ainda mais emocionante. Com o estádio lotado por mais de 84 mil torcedores, o Cruzeiro sabia que uma vitória ou um empate com gols garantiria sua vaga na final. A equipe de Levir Culpi entrou em campo com Dida, Vitor, Gelson (Marcos Teixeira), Célio Lúcio, Nonato, Fabinho, Ricardinho, Uéslei, Palhinha, Marcelo Ramos (Edmundo) e Cleisson, enquanto o Flamengo, dirigido por Joel Santana, contou com Roger, Zé Maria, Jorge Luís, Ronaldão, Gilberto, Márcio Costa, Mancuso, Nélio, Marques, Romário (Amoroso) e Sávio.
O jogo foi muito disputado, com o Flamengo tentando impor seu ritmo e o Cruzeiro mantendo sua solidez defensiva, sem dar espaços. O time mineiro teve algumas boas chances de marcar, mas o goleiro Roger, do Flamengo, fez defesas importantes. Por outro lado, o Flamengo também tentou pressionar, especialmente com Romário e Sávio, mas a defesa cruzeirense, liderada por Gelson e Célio Lúcio, foi firme.
No entanto, o empate sem gols se manteve durante todo o jogo. O Cruzeiro, apesar de não marcar, sabia que o critério do gol fora de casa o favorecia, já que o primeiro jogo no Maracanã havia terminado 1 a 1. O apito final soou e o Cruzeiro garantiu a vaga na final com o empate, com o placar agregado de 2 a 1. A torcida celeste explodiu de alegria, enquanto os flamenguistas lamentavam a eliminação.
O Caminho até a Final
A campanha do Cruzeiro na Copa do Brasil de 1996 foi histórica. Depois de eliminar times como o Vasco (inclusive aplicando uma goleada de 6 a 2 sobre o time carioca em São Januário), o Corinthians (com uma impressionante vitória de 4 a 0 no Independência), e o Flamengo de Sávio e Romário nas semifinais, o time estrelado estava pronto para enfrentar o Palmeiras na decisão. 

FINAL - Cruzeiro x Palmeiras
Primeiro Jogo: Cruzeiro x Palmeiras
No dia 14 de junho de 1996, o Mineirão foi o palco de um dos confrontos mais aguardados da história recente da Copa do Brasil. Na decisão, o Cruzeiro, de Levir Culpi, enfrentava o poderoso Palmeiras, que contava com uma equipe recheada de estrelas, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. O time da Parmalat, campeão do Campeonato Paulista e com uma campanha de alto nível na Copa do Brasil, era considerado o grande favorito. Entre seus jogadores estavam nomes como Cafu, Júnior, Djalminha, Rivaldo e Luizão, enquanto o Cruzeiro, embora também forte, sabia que precisaria fazer um jogo impecável para enfrentar o favoritismo alviverde.
Escalações
O Cruzeiro entrou em campo com a seguinte formação: Dida, Vitor, Jean, Célio Lúcio, Nonato, Fabinho, Ricardinho, Uéslei (Roberto Gaúcho), Palhinha, Marcelo Ramos e Cleisson (Luís Fernando). Levir Culpi, o técnico cruzeirense, escalou o time com a confiança de que poderia neutralizar a força ofensiva do Palmeiras.
Já o Palmeiras, de Vanderlei Luxemburgo, foi a campo com: Veloso, Gustavo, Cláudio, Cléber, Júnior, Galeano, Amaral, Marquinhos, Elivélton (Reinaldo) (Júnior II), Rivaldo e Luizão. A equipe paulista era tida como uma das mais qualificadas do futebol brasileiro na época e tinha jogadores experientes e de grande técnica.

Desde o início, o Palmeiras tentou se impor no Mineirão. A equipe alviverde sabia da importância de sair com vantagem no primeiro jogo da final, e logo nos primeiros minutos se mostrou disposta a pressionar. E foi aos 12 minutos que o Palmeiras conseguiu abrir o placar. Em uma falta cometida perto da área, o zagueiro Cláudio, com sua conhecida habilidade em cobranças de falta, acertou um belo chute no canto de Dida, que, apesar de se esticar, não conseguiu evitar o gol. Era o Palmeiras na frente: 1 a 0.
O Cruzeiro não se abateu com o gol sofrido e, aos poucos, foi reagindo. A equipe mineira se reorganizou e começou a equilibrar as ações, com Ricardinho e Palhinha controlando o meio-campo e tentando criar jogadas ofensivas. O Palmeiras, por sua vez, não teve sossego e ainda assustou com jogadas rápidas, especialmente com Rivaldo, Luizão e Marquinhos, que se mostravam perigosos.
O jogo foi ganhando intensidade. O Cruzeiro tentava pressionar, mas o Palmeiras, com uma defesa sólida e um meio-campo experiente, se manteve firme. A primeira etapa terminou com a vitória parcial dos paulistas, mas o Cruzeiro não se desesperou. A torcida celeste ainda acreditava que o time tinha condições de reagir na segunda etapa.
Na volta para o segundo tempo, o Cruzeiro se lançou ao ataque e logo conseguiu seu gol de empate. Aos 61 minutos, em um cruzamento preciso de Cleisson, Marcelo Ramos, que ainda estava se firmando como um dos grandes nomes da equipe, subiu com força e cabeceou com precisão para empatar o jogo: 1 a 1. A torcida explodiu no Mineirão, e o Cruzeiro ganhava ânimo para buscar a vitória.
O jogo seguiu equilibrado, com o Palmeiras tentando se reerguer e o Cruzeiro buscando a virada. O time de Levir Culpi teve algumas chances, mas o goleiro Veloso, do Palmeiras, teve boas intervenções para evitar a virada cruzeirense. O Palmeiras também não ficou sem resposta e, com Rivaldo e Luizão, continuava criando perigos, mas a defesa do Cruzeiro, com Dida seguro no gol e Vítor e Célio Lúcio firmes na zaga, impediu novos sustos.
Cartões e Conflitos
O jogo foi também marcado por cartões. O Cruzeiro teve Ricardinho e Vítor advertidos com o amarelo, enquanto o Palmeiras levou cartões para Rivaldo, Júnior, Gustavo e Cléber. A partida teve seu momento tenso aos 70 minutos, quando o volante Galeano, do Palmeiras, foi expulso após uma entrada violenta em Ricardinho. Com um homem a menos, o time paulista viu suas possibilidades de vitória diminuírem, mas ainda assim manteve-se firme até o apito final.
O empate em 1 a 1 foi o resultado final da partida. Com esse placar, a decisão estava totalmente aberta para o jogo de volta, que seria disputado no estádio Palestra Itália, em São Paulo. O Cruzeiro sabia que, com sua força ofensiva e a vantagem de marcar gols fora de casa, tinha boas chances de conquistar o título da Copa do Brasil. O Palmeiras, por sua vez, sabia que precisava ser mais eficiente em casa para não deixar escapar o troféu.
A grande final estava ainda longe de ser decidida, mas o empate em 1 a 1 no Mineirão deixou a torcida cruzeirense cheia de esperança, sabendo que o time estava mais do que preparado para a grande decisão.

BÍCAMPEÃO NO PARQUE ANTÁRTICA
O dia 19 de junho de 1996 ficou marcado como um dos momentos mais inesquecíveis da história do Cruzeiro Esporte Clube. No segundo jogo da final da Copa do Brasil, o time celeste enfrentou o Palmeiras no estádio do Palestra Itália, em São Paulo. Para a maioria dos jornalistas e comentaristas esportivos, a vitória do Palmeiras parecia questão de tempo, após o empate de 1×1 no primeiro jogo, no Mineirão. A grande expectativa estava voltada para saber com quantos gols o time paulista garantiria a taça, dado seu elenco milionário e a presença de jogadores da Seleção Brasileira.
As Escalações
O Cruzeiro, comandado por Levir Culpi, entrou em campo com Dida no gol; Vitor, Célio Lúcio, Gelson e Nonato na defesa; Fabinho, Ricardinho e Cleisson no meio de campo; Palhinha (substituído por Edmundo aos 67 minutos), Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho no ataque.
Do lado do Palmeiras, treinado por Vanderlei Luxemburgo, Veloso era o goleiro; Cafu, Sandro, Cléber e Júnior formavam a defesa; Cláudio (substituído por Reinaldo aos 46 minutos), Amaral, Marquinhos e Djalminha estavam no meio-campo; Rivaldo e Luizão completavam o time no ataque.

A partida começou de forma intensa, com o Palmeiras pressionando desde os primeiros minutos. Logo aos 5 minutos, o time paulista abriu o placar. Após uma sequência de jogadas rápidas, Djalminha com um toque mágico para Rivaldo, que cruzou para Luizão, que se antecipou a Dida e marcou 1×0. O estádio explodiu de alegria, e a pressão sobre o Cruzeiro aumentou.
No entanto, o gol não desestabilizou a equipe celeste. Com o passar do tempo, o Cruzeiro foi se ajustando defensivamente e começou a controlar o jogo. O time de Levir Culpi passou a pressionar a saída de bola do Palmeiras, marcando com intensidade e dificultando as jogadas do adversário. O domínio celeste cresceu a partir dos 20 minutos, quando o time começou a controlar a posse de bola e a ditar o ritmo da partida.
Aos 25 minutos, o Cruzeiro chegou ao empate. Roberto Gaúcho, que vinha sendo um dos destaques do jogo, aproveitou uma cobrança de escanteio rápida de Palhinha, driblou a defesa e, com um chute rasteiro de esquerda, mandou a bola entre Veloso e a trave. O 1×1 colocou fogo no jogo, e o Cruzeiro, agora mais confiante, seguiu pressionando até o fim do primeiro tempo.
O Palmeiras, nervoso, tentou reagir, mas se viu impotente diante da forte marcação do Cruzeiro. No entanto, a equipe celeste não conseguiu ser mais agressiva no ataque, e o primeiro tempo terminou empatado.

O Segundo Tempo
O Palmeiras voltou para o segundo tempo com uma alteração: o zagueiro Cláudio saiu para a entrada de Reinaldo, atacante. O time paulista voltou mais ofensivo, pressionando desde o início. Mas quem brilhou mesmo foi o goleiro Dida. O arqueiro celeste fez defesas espetaculares, como aos 7 minutos, quando Djalminha invadiu a área e bateu cruzado, mas Dida fez uma grande defesa.
O Palmeiras continuou pressionando, mas esbarrou nas defesas de Dida e nos erros de finalização. Em um dos lances mais dramáticos, aos 19 minutos, Djalminha cruzou para Luisão, que cabeceou com força, mas Fabinho tirou a bola praticamente em cima da linha. No rebote, Reinaldo finalizou e Dida, em uma incrível reação, conseguiu defender.
O Palmeiras parecia se desgastar emocionalmente. E, aos 36 minutos, veio o lance que selaria o destino da partida. O goleiro Veloso cometeu um erro em não segurar uma bola, e Marcelo Ramos, esperto, aproveitou a falha para marcar o gol da virada do Cruzeiro. 2×1 para o time celeste.
Atônitos, os jogadores do Palmeiras não conseguiam mais reagir, enquanto o Cruzeiro controlava as ações, tocando a bola com calma e aproveitando o nervosismo do adversário. O time celeste soube gastar o tempo e segurar a pressão final do Palmeiras, que já não tinha forças para reagir.
O Fim do Jogo e o Título
Quando o árbitro apitou o fim da partida, a festa foi do Cruzeiro. O time celeste, que havia sido subestimado antes da decisão, se sagrou campeão da Copa do Brasil de 1996, em uma virada histórica. A vitória por 2×1, com os gols de Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos, ficou marcada na memória de todos os cruzeirenses, consolidando a força do time de Levir Culpi e a grande atuação de Dida, que foi o grande herói da partida.
A taça levantada no Palestra Itália se tornou símbolo de superação, habilidade e união. O Cruzeiro havia derrotado um gigante, e a conquista foi celebrada como um título imortal, tão emblemático quanto a própria história do clube.
O Título da Copa do Brasil de 1996, credenciou o Cruzeiro a disputa da Taça Libertadores de 1997.


A TEMPORADA
Em 1996, o Cruzeiro Esporte Clube viveu uma temporada marcante e de grandes emoções, com atuações de destaque em competições nacionais e internacionais. 
No Campeonato Brasileiro, o time estrelado fez uma primeira fase sólida, garantindo a classificação em primeiro lugar com 44 pontos, frutos de 13 vitórias, cinco empates e apenas cinco derrotas. A campanha incluiu vitórias significativas, como o clássico contra o Atlético-MG, em que Paulinho McLaren marcou o gol da vitória por 2 a 1 e celebrou imitando uma galinha, provocando os rivais. Além disso, o Cruzeiro teve triunfos expressivos sobre times como Portuguesa, Flamengo e Santos, além de uma goleada de 4 a 0 sobre o Bragantino.
Nas quartas de final, o Cruzeiro enfrentou a Portuguesa em um duelo difícil. A equipe paulista venceu a primeira partida por 3 a 0, um resultado que colocou o Cruzeiro em uma posição complicada. Na partida de volta, o Cruzeiro venceu por 1 a 0, mas o resultado não foi suficiente para reverter a desvantagem, encerrando sua participação no campeonato.
Na Supercopa Libertadores, o Cruzeiro fez uma campanha histórica. Nas oitavas de final, eliminou o Nacional do Uruguai com um empate em 1 a 1 fora de casa e uma vitória por 3 a 1 em Belo Horizonte. Em seguida, nas quartas de final, o Boca Juniors resolveu em dois confrontos equilibrados. Após um empate sem gols na Argentina, o Cruzeiro empatou novamente no Mineirão por 1 a 1 e venceu nos pênaltis por 7 a 6, avançando para as semifinais.
Nas semifinais, o Cruzeiro derrotou o Colo Colo e, no jogo de ida, venceu por 3 a 2 em Belo Horizonte. Mas o destaque da campanha veio no jogo de volta, em Santiago. No estádio Monumental, o Cruzeiro deu uma aula de futebol, goleando o Colo Colo por 4 a 0, com uma atuação brilhante de Palhinha, que marcou três vezes, e Ailton, que fechou a conta. Esse triunfo entrou para a história do clube como uma das maiores exibições do Cruzeiro em competições internacionais.
Na final, o Cruzeiro encarou o Vélez Sarsfield da Argentina. No primeiro jogo, em Belo Horizonte, o Time perdeu por 1 a 0, com o gol de Chilavert, famoso goleiro do Vélez, na cobrança de pênalti. Na partida de volta, na Argentina, o Cruzeiro foi derrotado novamente, dessa vez por 2 a 0, ficando com o vice-campeonato.
Apesar da eliminação no Campeonato Brasileiro e do vice-campeonato na Supercopa, o Cruzeiro fechou o ano de 1996 com dois títulos importantes: o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil. A conquista marcou o time como um dos grandes clubes do país, garantindo uma vaga na Taça Libertadores de 1997 e mantendo o Cruzeiro no centro do futebol brasileiro e sul-americano.

Veja mais:

Back to Top