Campeonatos

Em 1999, o mundo passava por grandes mudanças com a consolidação da globalização e da internet, alterando a forma como as pessoas se relacionavam e consumiam informações. Globalmente, a introdução do Euro consolidava a União Europeia, enquanto conflitos como a Guerra do Kosovo e a chegada de Vladimir Putin ao poder na Rússia impactavam a geopolítica. No Brasil, o governo de Fernando Henrique Cardoso enfrentava crises econômicas, com privatizações e reformas que geravam debates intensos.
No rock, bandas como Red Hot Chili Peppers e Foo Fighters atingiam sucesso global, enquanto o metal se fortalecia com o lançamento de álbuns icônicos, como Californication (Red Hot Chili Peppers) e The Battle of Los Angeles (Rage Against the Machine).
No Brasil, axé, pagode e rock nacional compunham a trilha sonora do país. 
O cinema mundial trouxe clássicos como Matrix e Clube da Luta, enquanto no Brasil a TV e o cinema nacional, com novelas e produções como Orfeu, envolviam o público.
Esportivamente, o mundo viu o Manchester United vencer a Champions League de forma histórica e a Seleção Feminina dos EUA conquistar a Copa do Mundo. Rubens Barrichello fazia história na Fórmula 1 ao ingressar na Ferrari. Esse foi o pano de fundo para um ano cheio de desafios e conquistas para o Cruzeiro Esporte Clube, inserido em um Brasil e um mundo de rápidas mudanças.
ELENCO
O elenco do Cruzeiro de 1999 foi formado por jogadores experientes e jovens promessas, buscando manter o time competitivo em todas as competições. Na posição de goleiro, houve uma grande mudança com a saída de Dida, que se transferiu para o Milan. Para substituí-lo, o clube contratou André Döring, vindo do Internacional, além de contar com Rodrigo Posso e, em 1999, a chegada de Ronaldo Giovanelli, ex-Corinthians, que trouxe experiência e liderança ao elenco.
Na defesa, o time tinha zagueiros de qualidade como Marcelo Djian, um dos mais regulares do setor, além do paraguaio Espínola e de João Carlos. Cris, ex-Corinthians, também chegou para compor a zaga, além de Isaías e Márcio Pedra, que ofereceram opções defensivas robustas.
Nas laterais, o Cruzeiro contava com Evanílson, que chegou do América e rapidamente mostrou sua qualidade. André Luiz, emprestado do Tenerife, trouxe experiência europeia para o grupo, enquanto o uruguaio De La Cruz, também emprestado, veio da LDU para fortalecer as opções laterais. Gustavo completava o setor, dando profundidade ao elenco.
O meio de campo era formado por uma mescla de força e técnica. Nos volantes, Ricardinho, Donizete Oliveira, Anderson e Marcos Paulo eram opções sólidas e confiáveis para proteção defensiva. Tércio, Léo Mineiro e Cléber Monteiro completavam o setor, trazendo disposição e preparo físico. Já entre os meias, nomes experientes como Valdo e Djair traziam visão de jogo e qualidade no passe. Paulo Isidoro e Geovanni acrescentavam juventude e técnica ao meio-campo, enquanto Leandro Gaviolle e Caio davam opções criativas para o treinador.
No ataque, o Cruzeiro apostava em Marcelo Ramos e Alex Alves como principais referências, dois atacantes que combinavam velocidade e habilidade. Müller, jogador experiente e com passagens pela seleção brasileira, acrescentava peso e qualidade ao ataque. Da categoria de base, Jefferson Feijão foi promovido, ganhando oportunidade no elenco principal. Um dos grandes nomes a reforçar o ataque em 1999 foi Túlio Maravilha, contratado para a disputa do Campeonato Mineiro e da Copa do Brasil. Túlio fez uma estreia brilhante ao marcar dois gols contra o Villa Nova e encerrou sua passagem no clube com 4 gols em 7 partidas.
Com essa formação, o Cruzeiro buscava equilíbrio entre jovens talentos e jogadores experientes, preparando o terreno para enfrentar os desafios do ano de 1999.


A COPA CENTRO OESTE
A Copa Centro-Oeste foi um torneio regional criado para definir o representante da Região Centro-Oeste na Copa dos Campeões Brasileiros, uma competição que garantia ao vencedor uma vaga na Copa Libertadores. Esse torneio foi precedido por competições como a Copa Brasil Central e o Torneio Centro-Oeste, mas ganhou maior relevância devido à sua função classificatória para o torneio continental.
A Copa Centro-Oeste teve apenas quatro edições, entre 1999 e 2002. Em sua primeira edição, em 1999, contou com times dos estados da Região Centro-Oeste, além de participantes de Tocantins, Espírito Santo (com apenas um clube) e Minas Gerais, onde o Cruzeiro se destacou e conquistou o título. A partir de 2000, com a criação da Copa Sul Minas, as equipes mineiras deixaram de competir na Copa Centro-Oeste, que então passou a contar apenas com os clubes das regiões que lhe davam nome.
A competição ajudou a fortalecer o futebol regional, criando oportunidades para que clubes de estados menos representados no cenário nacional pudessem buscar espaço em competições de maior destaque.


COPA CENTRO OESTE 1999
A Copa Centro-Oeste de 1999, organizada pela CBF, foi a quinta edição do torneio e contou com uma participação diversificada, reunindo times além dos tradicionais representantes da Região Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Minas Gerais participou excepcionalmente com quatro equipes — Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG e Villa Nova — e houve ainda representantes do Espírito Santo (Linhares e São Mateus) e de Tocantins (Interporto).
A competição foi uma iniciativa da CBF para reforçar o calendário do primeiro semestre dos clubes, oferecendo um torneio competitivo sem interferir nos campeonatos estaduais. A edição de 1999 contou com 13 equipes divididas em três grupos:
Grupo A: Operário (MT), São Mateus (ES) e Ivinhemense (MS).
Grupo B: Vila Nova (GO), Gama (DF) e Interporto (TO).
Grupo C: Atlético-MG, Cruzeiro, Villa Nova-MG e América-MG.
Na primeira fase, os times se enfrentaram dentro de seus grupos, com o Grupo C composto exclusivamente pelos clubes mineiros, cujas partidas também valeram pela Copa dos Campeões Mineiros de 1999. A fase seguinte consistiu nas semifinais, onde um semifinalista do Grupo C enfrentou outros classificados dos grupos A e B em etapas de eliminação direta.


PRIMEIRA FASE 
O Cruzeiro teve uma participação competitiva na primeira fase da Copa Centro-Oeste de 1999, a primeira partida da fase de grupos foi contra o Villa Nova, no dia 28 de fevereiro, onde o Cruzeiro sofreu uma derrota por 2 a 0. Apesar do revés inicial, o time reagiu e conseguiu uma vitória importante no segundo jogo, em 6 de março, contra o Atlético-MG. O Cruzeiro venceu por 3 a 2, com gols de Alex Alves, Paulo Isidoro e Marcelo Ramos, após estar perdendo por 1 a 0.
No 14 de março, o Cruzeiro enfrentou o América-MG, mas sofreu outra derrota apertada, perdendo por 4 a 3. No entanto, o time se recuperou rapidamente e, em 17 de março, empatou com o Villa Nova em 1 a 1. Em seguida, no 21 de março, o Cruzeiro venceu o América-MG por 2 a 0, com gols de Alex Alves e Evanílson, garantindo mais pontos na competição.
Para fechar a fase de grupos, o Cruzeiro obteve uma importante vitória sobre o Atlético-MG por 3 a 0 no 28 de março, com gols de Marcelo Ramos, Müller e Feijão. Com esse desempenho, o Cruzeiro terminou em 2º lugar no grupo, empatado com o Atlético-MG em pontos (10), mas com uma diferença de gols menor.
Com a classificação para as semifinais da Copa Centro-Oeste e para a final da Copa dos Campeões Mineiros, o Cruzeiro mostrou sua força e buscava um bom desempenho nas etapas seguintes do torneio.

Desdobramento dos outros grupos
Na primeira fase da Copa Centro-Oeste de 1999, os grupos A e B foram definidos da seguinte forma:
No Grupo A, o Operário se destacou, terminando em 1º lugar e o São Mateus ficou em 2º lugar. 
No Grupo B, o Vila Nova se classificou em 1º lugar e o Gama avançou para a semifinal.
Com isso, os classificados para as semifinais foram Operário, Vila Nova, além do Cruzeiro e Atlético-MG, que avançaram do Grupo C.

SEMIFINAIS - CRUZEIRO 5X1 ATLÉTICO
No dia 4 de abril de 1999, o Cruzeiro enfrentou o Atlético-MG no Mineirão, em Belo Horizonte, pela semifinal da Copa Centro-Oeste e também pela grande final da Copa dos Campeões Mineiros. A partida foi histórica, com o Cruzeiro conquistando uma impressionante goleada de 5 a 1 sobre o rival, garantindo assim seu segundo título da Copa dos Campeões Mineiros e a classificação para a decisão da Copa Centro-Oeste.
A partida começou com o Cruzeiro mostrando sua força logo aos 2 minutos, quando Valdo, de falta, abriu o placar para o time celeste. No entanto, o Atlético respondeu rapidamente e empatou aos 9 minutos com Valdir, mas o Cruzeiro não demorou a retomar a vantagem. Aos 23 minutos, Marcelo Ramos marcou o segundo gol, e aos 38, Alex Alves fez o terceiro para o time celeste, ampliando a vantagem para 3 a 1.
No segundo tempo, o Cruzeiro seguiu dominante. Valdo, novamente de falta, fez o quarto gol aos 54 minutos, e, aos 79, Paulo Isidoro marcou o quinto gol, selando a goleada de 5 a 1. O árbitro ainda anulou um gol de Marcelo Ramos no primeiro tempo, que poderia ter sido o sexto.
A vitória consagradora foi comemorada com entusiasmo pela torcida cruzeirense, que ao sair do estádio, entoou o famoso coro: "Se você pensa que Cruzeiro é Galo, Cruzeiro não é Galo, não! O Galo toma de cinco, e o Cruzeiro é campeão!"
A escalação do Cruzeiro foi: Rodrigo Posso, Evanílson, João Carlos, Marcelo Djian, André Luiz, Donizete Oliveira, Müller (Ricardinho), Djair, Marcelo Ramos (Paulo Isidoro), Valdo (Donizete Amorim) e Alex Alves, sob o comando do técnico Levir Culpi. Pelo lado do Atlético, a equipe foi formada por: Emerson, Bruno, Galvan, Cláudio Caçapa, Tarcício (Cairo), Henrique, Edgar, Valdir Paulista, Lincoln, Valdir e Marques (Edmilson), com o técnico Toninho Cerezo.
Com essa vitória, o Cruzeiro avançou para a final da Copa Centro-Oeste contra o Vila Nova-GO, que havia eliminado o Operário nas semifinais.

FINAL - Cruzeiro x Vila Nova

Primeiro jogo Cruzeiro 3x0 Vila Nova
No primeiro jogo, disputado em 28 de abril de 1999 no Mineirão, o Cruzeiro fez uma grande exibição e venceu por 3 a 0. Os gols da vitória foram marcados por Paulo Isidoro, aos 7 minutos, Marcelo Ramos, aos 17, e Alex Alves, já aos 51 minutos do segundo tempo. A equipe comandada por Levir Culpi dominou a partida, e o Cruzeiro deixou uma excelente impressão para o jogo de volta. A arbitragem foi de Alfredo Loebeling, com assistência de Manoel Gomes e Marinaldo Silvério.

Segundo jogo Vila Nova 1x2 Cruzeiro
O segundo jogo, em 5 de maio de 1999, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, foi bem mais equilibrado e tenso. O Vila Nova venceu por 2 a 1, com gols de Anderson, aos 79 minutos, e Tim, aos 84. Alex Alves ainda descontou para o Cruzeiro nos acréscimos, aos 90+2, mas não foi o suficiente para evitar a derrota. A arbitragem foi de Jorge Rabelo, com José Santiago e Luis Leitão. O placar agregado estava 4 a 2 a favor do Cruzeiro, mas a decisão do título se estenderia para o terceiro jogo, devido ao sistema de saldo de gols. 

Terceiro jogo Vila Nova 0x0 Cruzeiro
Em 12 de maio de 1999, também no Serra Dourada, o Cruzeiro e o Vila Nova empataram sem gols no tempo normal e na prorrogação. Com isso, o time celeste sagrou-se campeão da Copa Centro-Oeste de 1999 pelo melhor saldo de gols nas fases anteriores. Foi a primeira vez que o Cruzeiro conquistou um título com esse formato, e o triunfo também representou a primeira conquista interestadual da história do clube.
A escalação do Cruzeiro nas finais foi: Maizena, Evanilson, João Carlos, Marcelo Djian, Tércio (Gustavo), Donizete, Ricardinho, Valdo, Paulo Isidoro (Marcos Paulo), Alex Alves (Feijão), Marcelo Ramos (Geovanni), sob o comando de Levir Culpi. 
O Vila Nova, por sua vez, teve: Harlei, Moisés, Wladimir, Leonardo, Cacá (Luciano), Cléber, Luizão, Anderson, Donizete, Verona (Sabino), Celsinho (Reinaldo) e foi treinado por Tata.
Com a conquista, o Cruzeiro adicionou o título da Copa Centro-Oeste de 1999 à sua galeria, celebrando uma vitória histórica em um torneio interestadual.


TEMPORADA
Em 1999, o Cruzeiro teve uma temporada marcada por altos e baixos, com boas campanhas em algumas competições, mas também decepções em outras. 
Na Seletiva para Libertadores, o Cruzeiro teve um ótimo desempenho, superando adversários difíceis. Na primeira fase, a equipe eliminou o Guarani nas oitavas de final, depois avançou ao derrotar o Vasco nas quartas e o Vitória nas semifinais. Porém, na final contra o Atlético Paranaense, o time não conseguiu manter o nível e ficou sem a vaga para a Libertadores, frustrando as expectativas de uma classificação para o torneio continental.
No Torneio Mercosul, o Cruzeiro fez uma boa campanha na fase de grupos, liderando o Grupo A com 16 pontos, fruto de 5 vitórias e 1 derrota. A equipe teve um desempenho destacado, marcando 16 gols e sofrendo apenas 2, destacando-se pela sólida defesa. No entanto, nas quartas de final, o Cruzeiro enfrentou o Palmeiras, e após uma derrota por 7x3 em São Paulo, não conseguiu reverter o placar no Mineirão, vencendo por 2x0, mas sendo eliminado pelo placar agregado.
No Campeonato Mineiro, o Cruzeiro também teve um bom desempenho, terminando a fase de classificação em terceiro lugar, com 27 pontos. O time somou 7 vitórias, 6 empates e 1 derrota, marcando 24 gols e sofrendo apenas 10. Apesar de uma campanha sólida, a Raposa não conseguiu superar o Atlético e o América, que se classificaram para a fase final.
No Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro se destacou novamente, classificando-se em segundo lugar geral na fase de grupos, mostrando boas atuações e se posicionando como um dos favoritos. Contudo, na segunda fase, o time foi eliminado pelo Atlético Mineiro, o que impediu o Cruzeiro de avançar ainda mais na competição.
Na Copa do Brasil, o Cruzeiro teve uma trajetória curta. A equipe passou pela primeira fase ao eliminar o Caxias, mas foi derrotada na segunda fase, ficando pelo caminho na competição.
Embora o Cruzeiro não tenha conquistado mais títulos em 1999, a temporada foi marcada por bons momentos e competitividade, especialmente no Campeonato Mineiro e no Campeonato Brasileiro. A equipe se manteve entre os principais clubes do país, e o desempenho nas competições internacionais, como a Seletiva para a Libertadores e o Torneio Mercosul, mostrou que o Cruzeiro ainda era um time forte, com ambições internacionais.

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